José de Almeida Alcântara, alto, cabeleira branca exposta ao vento, talentoso, audacioso, coletor federal,prefeito, deputado, era um terror para seus adversários na política de Itabuna, sul da Bahia.
Em 1960 apoiou Jânio Quadros, da UDN. Teixeira Lott, candidato do PSD e PTB, foi a Conquista com uma grande caravana. Tão grande que o palanque não aguentou, desabou, quase quebrou a perna do velho marechal que ficou impedido de seguir para o comício de Itabuna. Ele não foi mas a comitiva foi e fez comício na praça. No dia seguinte Alcântara, que apoiava Jânio, convocou um comício contra Lott. E fez como sempre um discurso desabusado:
– “Ontem esteve nesta praça um punhado de contrabandistas:
João Goulart, contrabandista de boi para a Argentina. Batista Luzardo, contrabandista de ovelhas para o Uruguai. Orlando Moscoso, contrabandista de cacau e até o padre Nestor Passos contrabandista de…
Parou, pensou, continuou:
– “Contrabandista de almas. Encomenda as almas para o céu e manda todas para o inferno.”
Jânio ganhou em Itabuna.
ALCÂNTARA
Prefeito, Alcântara brigou com Gileno Amado, compadre do governador Juracy e líder da UDN na região. Gileno lançou uma campanha para forçar Alcântara a renunciar. Chamou o vereador da UDN Manoel Alvarandio e promoveram uma marcha popular até a prefeitura, todos gritando “impeachment! impeachment!”
Alcântara apareceu na porta da prefeitura com os brancos cabelos esvoaçantes, um pedaço de papel na mão esquerda, uma caneta na mão direita e desafiou a multidão:
-“Voces querem meu impeachment, eu renuncio. Mas antes preciso que este moleque, o vereador Alvarandio, escreva a palavra impeachment aqui neste papel.”
Alvarandio e a multidão foram dormir.
IMPEACHMENT
Março começou com o país se preparando para a grande marcha deste domingo, dia 15, contra os desvarios da presidente Dilma. O povo vai dizer nas ruas porque não está engolindo esta farsa de uma candidata que ganhou a eleição dizendo uma coisa e agora, com toda a sua cara de pau, que está murchando dia a dia, faz tudo ao contrário.
Não se trata, por enquanto, de fazer impeachment agora, que é uma arma que a Constituição entrega ao país só nas horas do desastre final. Mas é preciso que cada um assuma suas responsabilidades. Essa história de Lula e Dilma rebolando nos palanques e televisões como se nada tivessem a ver com a roubalheira na Petrobrás é asquerosa e intolerável.
Cada um, presidentes da República, presidentes da Petrobrás, presidentes e membros do Conselho Administrativo, vai ter que assumir suas responsabilidades e pagar pelo que fizeram ou deixaram de fazer.
Por Sebastião Nery