O mal-estar gerado na cúpula do PT da Bahia com o senador Walter Pinheiro, no rastro da entrevista à Veja em que ele espinafra companheiros, terá reflexos imediatos na escolha do candidato do partido a prefeito de Salvador em 2016. A avaliação é de líderes das tendências mais numerosas da legenda no estado. Notadamente, da Reencantar e Construindo um Novo Brasil (CNB). Como até os santinhos da campanha petista sabem, Pinheiro havia direcionado todas as forças para ganhar a indicação daqui a dois anos. Depois de perder a queda de braço com Rui Costa pela candidatura ao governo, era essa sua maior ambição. Tanto que, ao ceder espaço no páreo para Rui, negociou a eleição de um aliado de primeira linha, o sociólogo Edson Valadares, no comando do Diretório Municipal do PT. Agora, com a voz de Pinheiro jogando as trapalhadas no Instituto Brasil sobre o colo de correligionários, a porta se fechou de vez para ele, segundo informou a Coluna Satélite.
Bilhete vencido
A condição de quase proscrito de Walter Pinheiro ficou evidente no ar ontem, durante a inauguração do terceiro viaduto do complexo Imbuí-Narandiba. Ao ouvir um dos jornalistas triscar o nome do senador, Jaques Wagner fez cara de pouquíssimos amigos. Sem esquivas, tratou de declarar seu desgosto com as falas do senador à Veja. Na emenda, sinalizou que o assunto será tratado internamente após a eleição. No jargão do PT, “tratar internamente” antecede muitas vezes o escanteio.
Dança sem par
Entre petistas graduados, contudo, a saída de Walter Pinheiro do xadrez de 2016 abriria, em tese, o caminho para o maior rival do senador na corrida pela indicação do partido, o deputado federal Nelson Pelegrino. Contudo, Pelegrino ainda precisaria dissipar o efeito das denúncias de Dalva Sele Paiva, ex-presidente da ONG envolvida em desvios de verbas públicas destinadas à construção de casas populares. Como disse um líder petista, “o tabuleiro fica montado, só não se sabe mais quem será o rei ou a rainha”.