Ainda não perguntaram para a candidata Marina Silva, nos debates e sabatinas, se, caso seja eleita presidente, continuará no PSB ou se mudará em definitivo para o tal Rede Sustentabilidade, partido que idealizou para implantar no país um saco de boas intenções que ela apelidou de “Nova Política”.
Se esta situação partidária não é incômoda para a musa do Itaú deveria ser, pois é algo esdrúxulo uma candidata ao mais alto posto da República disputar a eleição por um partido e na aurora do dia seguinte mudar para outro.
Da mesma como será esquisito, para dizer o mínimo, se, uma vez acomodada na cadeira de presidente, Marina permanecer no PSB e articular pelos porões do Palácio do Planalto o fortalecimento de uma segunda sigla, ou quiçá de uma terceira, já que comenta-se abertamente no meio político a possível formação de uma nova legenda partidária para acomodar os “quadros de bem do PSDB, PMDB e PT”.
Pode parecer bobagem aos olhos de um marinheiro o eleitor querer saber qual o futuro partidário da “primeira-sonhática”, mas não podemos esquecer que o discurso central de Marina é a superação das “velhas práticas” e a inauguração de um paraíso político sem carmas como José Sarney, Ranan Calheiros, Collor, Paulo Maluf e afins.
Minimizar a importância sobre qual o rumo partidário que Marina Silva vai tomar “chegando lá” só é justificado por mera conveniência eleitoreira o que, convenhamos, não pega bem para quem deseja decretar um novo padrão nas relações políticas e institucionais neste país.
A candidata Marina Silva tem a obrigação de dizer aos eleitores se ficará ou sairá do PSB num cenário de vitória em outubro. Se permanecer nos quadros do socialismo brasileiro significará que resolveu assumir o programa do partido e o sua Rede Sustentabilidade passa a ser uma tarefa para maridão Fábio Vaz de Lima.
Se, ao contrário, optar por deixar o PSB e apostar tudo na construção do Rede Sustentabilidade, Marina então aprofundará a já grande desconfiança que o partido do finado Eduardo Campos tem sobre a moça de bons modos.
O PSB possui 67 anos de existência. Com esta majestosa idade não pega bem o papel de “barriga de aluguel”.
Assim, Marina Silva vai mesmo ficar no PSB se eleita for.
Vai?
Por Robert Lobato