Aliança frágil afeta Marina

Christina-Lemos

A aliança que uniu o PSB a Marina Silva ameaça não sobreviver à morte de Eduardo Campos. O primeiro movimento formal da campanha, o simples anúncio da candidata, foi marcado por uma disputa surda entre Rede e PSB, que afetou o núcleo da campanha e espraiou-se pelos partidos nanicos que integram a coligação.

O grupamento político sofre de um mal peculiar: quem tem poder não manda e quem manda não tem poder. Explico: Marina, que tem o poder real, já que são dela os votos que alçaram a chapa ao posto de segunda colocada, está de carona num partido que não é seu e no qual ingressou por mera conveniência política. O PSB, que tem o poder institucional e abriga Marina quase como hóspede ilustre, até que ela consiga criar a Rede Sustentabilidade, nem de longe tem o poder de fogo eleitoral da ex-ministra.
A situação deixa o PSB nas mãos de Marina, que instalou no núcleo da campanha pessoas de sua estrita confiança: Basileu Margarido e Walter Feldmann. Ofendido com o movimento da candidata, Carlos Siqueira – comandante da campanha, escolhido a dedo por Eduardo Campos, explicitou as arestas que todos tentavam esconder. “Ela que vá mandar na sua Rede” – esbravejou, ao sair da sede do PSB em Brasília, depois de romper com a campanha.

Siqueira deixou Brasília disposto a se queixar à viúva Renata Campos – a esta altura, eminência inatacável do PSB. O comando do partido manobra para controlar o provável estrago que ele fará no meio político pernambucano. O ex-coordenador da campanha segue membro da Executiva do partido. No posto de primeiro-secretário, estará apto a participar de todas as decisões partidárias, inclusive as que envolvem a campanha – tornando-se a partir de agora um problema para Marina Silva e Roberto Amaral, presidente da legenda.

Christina Lemos é jornalista

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