Foto: Folha de São Paulo
O juiz maranhense Márlon Reis ajudou a criar o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral em 2002, que culminou na elaboração e aprovação da Lei da Ficha Limpa. Agora, o magistrado trava outra batalha para trazer à luz os financiadores das campanhas. De acordo com ele, sem saber quem patrocina as campanhas de milhares de políticos, os brasileiros votam “às cegas”, e a democracia do país fica em risco por causa da falta de transparência nas contas dos candidatos a cargos públicos, conforme declarou à reportagem do Folha de São Paulo. Uma ação de Márlon Reis nas cidades maranhenses de João Lisboa, Buritirama e Senador La Rocque inspirou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a exigir de todos os mais de 400 mil candidatos a cargos públicos neste ano a divulgação de nomes de doadores e de prestadores de serviços antes da eleição de 7 outubro. No entanto, uma brecha na lei permite aos candidatos utilizar o recurso de apenas ao final da campanha divulgar todas as informações. Ou seja, o eleitor vota no escuro. Em entrevista à Folha de São Paulo, o magistrado declarou que ainda estamos longe de poder dizer que os eleitores sanem o que está por trás das candidaturas antes de votar. Márlon Reis ressalta que ainda é possível realizar doações ocultas. “Pessoas e empresas que querem doar e não aparecer o fazem por meio de um partido político ou de um comitê financeiro. Seu nome não é revelado até abril do ano seguinte às eleições, quando tudo já está resolvido”. Durante a entrevista, o juiz afirmou ainda que a democracia brasileira fica em risco com este processo atual.