O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (16) que discorda de uma nota do Partido dos Trabalhadores, que reconhece a reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela
Um dia após as eleições da Venezuela, no dia 28 de julho deste ano, a Executiva Nacional do PT soltou uma nota reconhecendo Maduro como reeleito na Venezuela. O resultado, divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela é atualmente contestado pela oposição e os líderes políticos de diversos países do mundo.
”Eu não concordo com a nota, eu não penso igual a nota. Mas eu não sou da direção do PT. O problema da Venezuela será resolvido pela Venezuela”, afirmou o presidente. Esta fala segue o tom de sua decisão desta quinta-feira (15), em que o presidente afirmou não reconhecer Maduro como presidente eleito.
No dia 29 de julho, o CNE divulgou que Maduro foi reeleito com 52% dos votos. As atas eleitorais, no entanto, ainda não foram divulgadas, ao que o CNE credita a um ataque hacker.
A oposição, por sua vez, afirma que o seu candidato, Edmundo González, venceu as eleições com 67% dos votos, baseados nos 80% de atas que foram digitalizadas e estão à disposição do público.
”Teve uma eleição. A oposição fala: ‘eu ganhei as eleições’, o Maduro fala: ‘eu ganhei as eleições’. O que eu estou pedindo para poder reconhecer? Eu quero pelo menos saber se foi verdade os números. Cadê a ata, a aferição das urnas?”, afirmou o presidente durante evento no RS.
Essas declarações se dão um dia após Maduro ter afirmado que as eleições no Brasil não são auditáveis. Em resposta a isso, Lula afirmou que o presidente venezuelano tem o direito de achar isso, mas que, no Brasil, é possível saber quantos votos cada candidato teve em cada município.
Além disso, Lula afirmou que a Venezuela é um país interessante para o Brasil, mas que vive um regime desagradável. ”Não acho que é ditadura, é diferente de uma ditadura. É um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura como a gente conhece tantas nesse mundo”, afirmou.
Por fim, o presidente afirmou que torce para que a Venezuela tenha um processo de reconhecimento internacional, mas também disse que isso depende apenas do comportamento da Venezuela. Ele afirmou que não acredita em guerra civil no país, pois muitos países na América do Sul têm disposição para ajudar.