Opinião: Jerônimo Rodrigues e PT pregam unidade em torno de Geraldo Jr., mas sinais expõem fragilidades

Em outros momentos, a convenção da base aliada do governador Jerônimo Rodrigues seria uma ”festa do 13”. No entanto, a convenção de Geraldo Jr. a prefeito de Salvador foi uma moqueca de esforços para vender a ideia de união. Como não tem DNA petista, o vice-governador terá o desafio extra de aglutir a esquerda, já que houve sinais prévios de que a aliança existe, mas não é lá tão forte quanto alguns caciques tentam pregar.

A escolha de alguns partidos como PSD e PSB, de fazerem suas convenções em separado para homologar as candidaturas proporcionais, é um exemplo disso. Bruno Reis, por exemplo, criou uma estrutura para que todos os partidos que o apóiam fizessem a convenção conjunta, para juntar o máximo de pessoas possível. Já no caso de Geraldo Jr., tal situação não aconteceu – e ninguém vai admitir que há certo nível de constrangimento em torno dessa candidatura “goela à baixo” do vice. Mas não apenas isso.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, até indicou que não iria à convenção. Parece que a ausência não pegou tão bem quanto ele gostaria e o ex-governador chegou de ”surpresa”. Tudo para reiterar o discurso de unidade – ainda que na prática isso não venha a acontecer. Por mais que exista a aura de que houve o esforço para estar presente, a narrativa completa mostra que Rui não quis estar sempre presente no ato. É mais uma lacuna a ser preenchida, entre tantas de uma candidatura que nasceu fragilizada e, até aqui, se estabeleceu com trancos como a única representante da base de Jerônimo em Salvador.

A fala do próprio governador, inclusive, manteve certa dubiedade ao falar sobre o que será preciso para Geraldo Jr. crescer a partir de agora. Jerônimo admitiu que fez um esforço para ”unificar” a base e que, agora homologado, seria papel de Geraldo Jr. garantir a tal viabilidade prometida desde que a hipótese do emedebista ser candidato contra o prefeito Bruno Reis. O vice, que antes vestia laranja, verde e preto, usa vermelho como se não existisse o passado, até recente. E, como sabemos, com bem pouco pudor, mesmo para políticos profissionais.

*por Fernando Duarte