Um total de 49 pessoas morreram enquanto viajavam de ônibus nas rodovias federais, de janeiro a maio deste ano. O número de vítimas em acidentes de ônibus nos primeiros cinco meses de 2024, segundo dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal), é 32% maior do que no mesmo período do ano passado.
A quantidade de acidentes envolvendo veículos de transporte coletivo, no entanto, teve um aumento de apenas 1% –ou seja, a letalidade média dos acidentes com ônibus aumentou consideravelmente. Isso ocorre após o Brasil registrar queda no número de vítimas com esse perfil nos últimos dois anos.
Um único acidente foi responsável por quase metade das mortes registradas em estradas federais neste ano. Na noite do primeiro domingo do ano, 7 de janeiro, um micro-ônibus e um caminhão bateram de frente na rodovia BR-324, na altura da cidade de São José do Jacuípe (BA), deixando 24 mortos –desses, 21 estavam dentro do micro-ônibus.
Os números da PRF correspondem a um retrato parcial das mortes no trânsito, um problema que vem se agravando nos últimos anos. O acidente que deixou 12 mortos na última sexta-feira (5) em Itapetininga (SP), por exemplo, não fará parte dessa estatística, pois não ocorreu numa rodovia federal.
O veículo da empresa Onix Turismo, com 51 passageiros, estava na rodovia Francisco da Silva Pontes (SP-127) quando o motorista perdeu o controle e acabou se chocando contra a pilastra de um viaduto. Ele relatou que uma falha mecânica travou o volante do ônibus.
Foi o pior acidente de ônibus registrado no estado de São Paulo neste ano. Dados do Infosiga, sistema de monitoramento de letalidade no trânsito do governo paulista, mostram que o número de mortes em Itapetininga equivale a todos os acidentes de ônibus registrados de janeiro a maio no estado –também foram 12 mortes, o que inclui casos em vias urbanas e em rodovias municipais, estaduais e federais.
Nas rodovias federais, houve queda contínua no número de mortos em acidentes de ônibus entre 2017 e 2020. A exceção foi o ano de 2021, que teve aumento de 57% nos óbitos em relação ao ano anterior, e tinha voltado a cair desde então.
De forma geral, no entanto, as mortes no trânsito têm piorado no país. Os anuários da PRF mostram que, no ano passado, 5.621 pessoas morreram nas estradas federais, alta de 3,3% em relação ao ano anterior.
Dados do SIM (Sistema de Informações de Mortalidade), mantido pelo Ministério da Saúde, demostram que houve queda das mortes no trânsito entre 2014 e 2019. Desde então, a tendência se inverteu.
Nos cinco primeiros meses deste ano, o estado de São Paulo teve o mesmo número de mortes em acidentes de ônibus que o registrado no mesmo período do ano passado.
Minas Gerais foi o estado que registrou, no ano passado, o maior número de mortes de passageiros e condutores de ônibus nas rodovias federais, com 32 vítimas. Neste ano, até agora, o acidente em São José do Jacuípe coloca a Bahia em primeiro lugar.
Tanto em São Paulo quanto na Bahia, dois acidentes particularmente graves contribuíram para a piora na estatística. As mortes em casos envolvendo ônibus, no entanto, são exceção nas estradas.
Os dados da PRF mostram que, no ano passado, eles correspondem a 2% das mortes e 3% dos acidentes nas rodovias federais. Aqueles que viajam em automóveis, motos e caminhões são vítimas muito mais frequentes da letalidade no transito rodoviário.
Mais da metade dos acidentes de trânsito nas rodovias envolvem carros, e seus ocupantes –motoristas e passageiros– correspondem a 38% dos mortos no ano passado, quase quatro em cada dez.
O tempo de reação dos motoristas está associado à causa da maior parte dos acidentes de trânsito, segundo a PRF. A “reação tardia ou ineficiente do condutor” é a causa mais frequente citada pela PRF, em 9,8 mil de 67,7 mil sinistros registrados.
Entrar na via sem observar outros veículos foi a causa de outros 6,3 mil acidentes nas rodovias federais. O uso de bebidas alcoólicas foi registrado como causa em 3,5 mil acidentes de trânsito pela PRF.