Brasil tem taxas mais altas de depressão em toda a América Latina, diz estudo da Pontifícia Universidade Católica do Chile

O Brasil registrou as mais altas taxas de depressão em toda a América Latina. O país tem atualmente o maior número de pessoas diagnosticadas com a doença no continente, onde mais indivíduos receberam o diagnóstico em 2022 e mais pessoas irão desenvolver ao longo de suas vidas.

Os dados são de uma revisão de estudos que mapeou a prevalência da doença no continente, conduzida por estudiosos da e publicada no The Lancet e divulgado pelo Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias.

O estudo apontou que cerca de 12% das pessoas na América Latina apresentarão a doença ao longo da vida, enquanto no Brasil esse dado chega a 17%. Já a taxa de diagnóstico nos últimos 30 dias é de 5,48% no Brasil e, no continente, de 3,12%. No último ano, 8,11% dos brasileiros tiveram critérios diagnósticos para a depressão, em comparação com 5,3% na América Latina.

Já o número de brasileiros que atualmente sofrem com a doença está acima das estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), que indicam cerca de 5% dos adultos do mundo.

”Embora tenhamos cuidado muito da metodologia, avaliando apenas estudos populacionais com mais de mil pacientes, baseados em diagnósticos clínicos de acordo com os sistemas de classificação e não em sintomas relatados, há muita diferença entre os estudos e entre os países”, explica a professora do departamento de Psiquiatria da Pontifícia Universidade Católica do Chile e uma das líderes do trabalho, Antonia Errázuriz, em entrevista à Agência Einstein.

No Brasil, segundo a especialista, a enorme maioria das análises teria sido feita em grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, com uma população essencialmente urbana, onde a prevalência da doença é geralmente maior.

Já na Guatemala, por exemplo, há menos estudos, mas englobando também populações rurais, onde a incidência é menor. Já na Argentina, foi avaliado apenas um trabalho, que levou em conta pacientes da Grande Buenos Aires.

”Apesar disso, observamos que, no Brasil, especialmente nos grandes centros, há uma taxa mais elevada da doença do que no resto do continente”, ressalta a autora.