Com 3.296 pacientes na fila de espera por algum tipo de transplante, a Bahia se tornou o estado da Região Nordeste com o maior número de registros de espera por um transplante. De acordo com dados do Ministério da Saúde, via Lei de Acesso à Informação (LAI), pela Fiquem Sabendo, organização especializada no acesso a informações públicas a Bahia ocupa também a 5º posição entre as unidades da federação com as maiores filas. O estado fica atrás somente de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná.
Os dados mostraram que desses 3.296 pacientes que esperam por um órgão atualmente, 1.940 aguardam por um transplante de rim, 31 de fígado e 1.325 representam o transplante de córnea.
Para o coordenador do Sistema Estadual de Transplantes, Eraldo Moura, o grande volume na fila se deve à quantidade populacional que a Bahia possui. O especialista afirmou que quanto maior o número da população maior o número de pessoas na fila de espera.
”A gente tem uma população grande. Temos a quinta população do país. Isso é um fator que predispõe. Se você pegar o Paraná hoje, ele tem uma lista semelhante à nossa aqui.O Paraná tem uma população menor do que a gente, então lá eles conseguem colocar mais pacientes na fila. Os transplantes acontecem em qualquer segmento da sociedade, então quanto mais população tiver mais pacientes vão precisar de transplante. A gente tem essa proporção de quantos transplantes eu vou precisar para determinado órgão por milhão de população. Por isso, quanto maior a população, mais pacientes vão precisar ser transplantados”, explicou.
BAIXA DOAÇÃO
Segundo Eraldo, outro fator que influencia no número da fila de transplantes é a baixa doação de órgãos.
”São outros dos fatores. Se eu dou mais eu transplanto mais, retiro pacientes da lista para outros serem transplantandos. Então essa é uma possibilidade. Quando tem mais doação sai mais pacientes da lista. Porém não é só esse fator específico. A gente avalia, por exemplo, que São Paulo tem o número maior de doadores na população por um milhão de habitantes do que a Bahia, mas eles têm 20 mil pacientes na lista de espera.
O especialista apontou ainda que incentivar a doação é uma das maneiras de diminuir a fila. ”À medida que você vai educando a população tanto do ponto de vista da importância da doação de órgãos, quanto ao esclarecimento da sociedade do ponto de vista de se identificar os pacientes que têm indicação do transplante, você vai fazendo com que esse número de pacientes do estado fique estável”, disse.
TRANSPLANTE DE RIM E DE FÍGADO
O transplante de rim e de córnea são os que mais possuem pacientes na lista de espera na Bahia. Com quase duas mil pessoas aguardando na lista atual, entre 2012 a 2023, mais de 9.000 pacientes com faixa etária de 18 a 34 anos e 35 a 49 anos realizaram o procedimento para receber um rim. De acordo com Eraldo, o número se deve por conta da prevalência da enfermidade e pela existência de tratamentos para a doença.
”A doença renal é uma doença muito prevalente. Por isso a importância da gente trabalhar com prevenção. Quando eu não tenho o transplante, você não tem possibilidade de cura de muitas doenças dentre essas doenças as doenças renais. Então hoje a gente tem uma população no estado de quase 9.000 baianos que já receberam anteriormente. Quem precisa de córnea perde muito de qualidade de vida, mas não é uma situação que vá causar a morte precoce do paciente. Já o transplante renal têm a terapia renal substitutiva, hemodiálise e ele continua vivo. Por isso que tanto a córnea quanto os rins são as maiores filas”, contou.
Já o transplante de fígado tem uma lista menor na Bahia por conta da urgência de se iniciar o tratamento, conforme explicou o especialista. ”O transplante de fígado, coração e pulmão o paciente se não for transplantado a chance dele morrer precoce é muito grande. Então, por isso que as filas são menores. Ou você transplanta ou você tem uma chance muito maior de morrer precoce no primeiro ano”, observou.
Mesmo com a urgência de realizar o tipo de transplante, o Estado da Bahia não tem em sua lista de procedimentos ofertados alguns dos transplantes de órgãos. Pacientes que precisam realizar um transplante de pulmão, pâncreas e coração são transferidos para outras unidades federativas. O transplante de pulmão e coração até foi iniciado na rede estadual de saúde baiana, em 2015, no Hospital Ana Nery, mas parou de ser ofertado desde 2018. Já o de pâncreas nunca foi ofertado na Bahia. As informações são do site Bahia Notícias