O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) saiu em defesa nesta segunda (3) da cobertura e dos resultados do Censo Demográfico 2022.
A manifestação ocorre após os resultados iniciais da contagem terem surpreendido parte dos especialistas, indicando uma população abaixo da esperada.
Em comunicado, a direção do órgão afirmou que “está entregando à sociedade um Censo com qualidade e confiabilidade indiscutíveis”.
A contagem da população brasileira foi marcada por atrasos em meio à pandemia e a restrições de orçamento durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
Iniciada em agosto de 2022, a coleta dos dados levou em torno de dez meses -a previsão inicial do instituto era encerrá-la em três meses.
”A despeito de dificuldades e percalços -administrados com transparência inédita, permitindo, inclusive, que os problemas fossem enxergados também de forma inédita-, o IBGE, do alto de sua reputação, está entregando à sociedade um Censo com qualidade e confiabilidade indiscutíveis”, afirmou a direção do órgão.
”Sem dúvida, trata-se do Censo mais tecnológico e com maior monitoramento e análise em tempo real da História dos Censos, realizados há 150 anos no Brasil”, completou. O levantamento contabilizou 203,1 milhões de habitantes no Brasil, segundo os resultados iniciais divulgados na quarta-feira (28).
A prévia do Censo, publicada em dezembro pelo IBGE, sinalizava 207,8 milhões. Já a projeção populacional do órgão referente a 2021 era de 213,3 milhões.
Além disso, parte dos prefeitos demonstrou insatisfação com os atrasos e os resultados da pesquisa. O tema interessa às administrações municipais porque o Censo é a base para a definição dos repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Por essa lógica, cidades com redução no número de habitantes correm o risco de amargar queda nos coeficientes do FPM e, consequentemente, baixa nos recursos transferidos.
Na semana passada, a CNM (Confederação Nacional de Municípios) estimou que 770 municípios terão perdas no fundo após o Censo. Ao comentar os resultados da contagem, a entidade disse que ”os dados não representam com fidedignidade a realidade do país”.
Nesta segunda, o IBGE afirmou que o levantamento seguiu ”rigorosamente” recomendações, parâmetros e protocolos para censos, definidos pela Divisão de Estatística das Nações Unidas e de acordo com os Princípios Fundamentais das Estatísticas Oficiais.
”Destacamos que, neste Censo, o IBGE introduziu inúmeras inovações tecnológicas e metodológicas com ênfase em ferramentas de cobertura, acompanhamento e controle da qualidade da operação”, declarou o instituto.
O órgão ainda citou a realização da PPE (Pesquisa de Pós-Enumeração) de forma simultânea à coleta do Censo. O principal objetivo dessa pesquisa, diz o instituto, é fornecer mais recursos para a avaliação da cobertura e da qualidade dos trabalhos por meio de uma amostra de setores censitários. A PPE será divulgada em breve, segundo o IBGE.
Em entrevista a jornalistas na semana passada, o presidente interino do instituto, Cimar Azeredo, também havia rebatido críticas ao recenseamento. Ele lembrou que prefeitos costumam reclamar dos dados populacionais, mas disse que o Censo troca a ”narrativa” pela ”evidência”.
Azeredo afirmou na ocasião que demógrafos do IBGE estão ”debruçados” sobre os dados para entender as diferenças entre as estimativas e o recenseamento. Ele também chamou atenção para o impacto da falta de uma contagem populacional no meio da década passada.
Essa contagem, mais enxuta do que o Censo, é recomendada por especialistas para calibrar as estimativas ao longo da década, entre um recenseamento e outro. Em 2015, o trabalho foi cancelado em razão de restrições orçamentárias no governo Dilma Rousseff (PT).
”Essa diferença, ela tem uma associação, nós não tivemos a contagem de população no meio da década. É fundamental que, em 2025, a gente faça a contagem da população”, disse Azeredo. Com informações do Bahia Notícias