A indefinição de uma candidatura oposicionista e as sinalizações do cenário deixam o pessoal ligado a prefeita Edione Agostinone (PP) em estado de graça no maior colégio eleitoral do Vale do Jiquiriçá, Jaguaquara. Os aliados dizem até que se juntar todos os opositores contra a mulher, não venceriam Edione, que surfa em obras do Governo do Estado desde a gestão de Rui Costa (PT).
E diante do laço estreito com o Governo, a mandatária local tem feito atos simbólicos para dar ordem de serviço até em ações do Estado, como aconteceu nesta segunda-feira (10), quando convocou o grupo, incluindo o vice-prefeito e vereadores para anunciar ordem de requalificação da Praça Leonídio Carvalho, no bairro Palmeira, em frente ao Estádio de Futebol, cuja placa no local indica obra da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER).
Apesar da empolgação do grupo, Edione prega cautela quando o tema é política. Questionada sobre 2024 em entrevista à Rádio Povo AM/FM, ela disse que não é momento para falar de política. ”Só falo de uma coisa nesse momento, trabalho. Sou uma pessoa muito cautelosa, tenho os pés no chão e não sou de fazer as coisas por pressão. O mais importante é que eu não tomo nenhuma decisão sem o consentimento de Deus e eu não falei com Deus ainda sobre esse assunto”, esquivou-se.
É óbvio que a oposição terá uma chapa nas próximas eleições, mas o que o cenário atual aponta é um favoritismo de Edione ao conquistar obras junto ao Governo e, apesar de evitar o assunto, estaria se movimento e não se recusaria a ingressar no PT de Lula, Rui e Jerônimo para disputar à reeleição. Ou seja, se o convite vier de cima, não haverá recusa.
A questão é que nos bastidores da política, se dá como favas contadas que o empresário Ricardo Leal, representante local do PT e figura muito próxima do ministro da Casa Civil não descartaria voltar a disputar a Prefeitura de Jaguaquara e teria simpatia pelo nome do ex-vereador e candidato derrotado por Agostinone por 58 votos de diferença em 2020, Raimundo do Caldo, do PSD, para vaga de vice, mas como Edione, Lealdade joga panos quentes no burburinho e evita comentários da sua parte.
Só o tempo dirá, mas pela forma como reagiu a prefeita na entrevista, nada está decidido. Aliados querem que ela ingresse no PT, caso haja brecha, e torcem para que uma eventual candidatura da dupla RR não se concretize, o que facilitaria o caminho da reeleição do grupo que detém a máquina há quase 20 anos.
Entende-se. Desde que o petista Osvaldo Cruz renunciou ao cargo de prefeito em 2006 para enfrentar uma candidatura fracassada a deputado estadual e foi supreendido com uma ruptura anunciada pelo então vice-prefeito Ademir Moreira, na época filiado ao MDB e que assumiu o poder com a renúncia de Cruz, governistas não perderam para oposicionistas no município. Representando a máquina, Ademir venceu Valdemiro Alves (PTdoB) em 2008, emplaclou Giuliano Martinelli (PP) em 2012, este que venceu Ricardo Leal numa eleição emblemática, com 603 votos de frente, se reelegeu ao superar Osvaldo, que retornou ao páreo em 2016 e conseguiu carimbar o nome de Edione em 2020, mesmo diante de um desgaste em meio ao fechamento de comércio no pico da pandemia da Covid-19. *por Marcos Frahm