Os advogados de Jair Bolsonaro (PL) já tentam contato com a Caixa Econômica Federal para confirmar qual servidor poderá receber as joias presenteadas ao ex-mandatário pela Arábia Saudita e que, por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), deverão ser devolvidas.
Até terça-feira (21), a corte de contas não havia especificado o endereço ou o setor que receberia os artigos de luxo. O mesmo ocorreu com as armas trazidas pelo ex-presidente do Oriente Médio —e que também foram requisitadas.
A defesa de Bolsonaro afirmava que estava pronta seguir a determinação do TCU e entregar os itens, mas que não sabia para onde levá-los.
Nesta quarta, ficou decidido que as joias deverão ser levadas à agência 210 da Caixa, localizada em Brasília. As armas, por sua vez, ficarão sob a custódia da Diretoria de Polícia Administrativa da PF, no edifício-sede da corporação, na capital federal.
As tentativas de contato da defesa de Bolsonaro com a Caixa, no entanto, ainda não foram bem-sucedidas: por ligação, um servidor teria informado aos advogados que o atendimento ao público foi encerrado às 15h desta quarta-feira (22).
Em outra frente, a defesa do ex-presidente cobra que o relator do caso no TCU, o ministro Augusto Nardes, confirme que tanto a Caixa Econômica quanto a Polícia Federal foram oficiadas sobre a decisão.
”A defesa está aguardando a confirmação de que os órgãos a quem foi designada a recepção dos bens tenham sido informados, pelo TCU, de que devem recebê-los”, afirma o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno. A cautela, segundo ele, seria necessária para evitar ”dar com a cara na porta” do banco.
Outro empecilho para que a entrega das joias e das armas seja efetuada ainda na quinta-feira (23), segundo o advogado, é a necessidade de expedição, pelo Exército, de uma nova guia de tráfego especial. O documento garante que o transporte dos armamentos seja feito de forma legal.
Uma primeira versão do ofício listava, de forma genérica, os nomes do Palácio do Planalto, da praça dos Três Poderes e da Secretaria-Geral da Presidência da República. Ainda não se sabe quando a nova guia com o endereço do edifício-sede da PF ficará pronto.
Jair Bolsonaro ganhou uma pistola e um fuzil de representantes dos Emirados Árabes em 2019, durante uma viagem oficial feita ao Oriente Médio. O fuzil foi customizado com o seu nome, segundo informações publicadas pelo site Metrópoles.
Já as joias que o ex-presidente agora disponibiliza foram trazidas pela comitiva liderada pelo então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, em viagem àquele país em 2021.
Um estojo com parte dos itens foi incorporado ao acervo pessoal do então presidente. Ele continha relógio, caneta, abotoaduras, um tipo de rosário e anel da marca suíça Chopard.
A devolução das armas e das joias foi determinada pelo TCU na semana passada. A medida foi tomada por unanimidade pelos seis ministros da corte de contas que votaram na sessão.
Mônica Bergamo, Folhapress