Um dia após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições, quando foram iniciados acampamentos com pedidos de golpe em rodovias de Mato Grosso, a prefeita de Carlinda (cidade localizada a 775 km de Cuiabá), Carmelinda Leal Martines Coelho (União Brasil), de 46 anos, anunciou que entregaria o cargo caso o petista subisse a rampa do Planalto.
Nesta terça-feira (3/1), ela, apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), entregou o pedido de renúncia à Câmara Municipal. Carmelinda deve permanecer no posto até 31 de janeiro, para fazer a transição para o vice, pastor Fernando de Oliveira Ribeiro (PSC).
”Ela deve ficar no cargo até o fim do mês para fazer a transição e passar todas as informações para o vice”, disse o presidente da Câmara, vereador José Henrique (União
Na carta, a prefeita justificou a renúncia por não concordar politicamente com a nova administração federal. ”Minhas convicções políticas me colocaram na contramão da administração que se inicia no dia 1º de janeiro de 2023 pelo novo presidente da República, e, por isso, não tenho forças para continuar dando o melhor de mim à frente do Poder Executivo Municipal”, afirmou.
”Minhas lutas, incansáveis, duradouras e vitoriosas, poderão se tornar doloridas e dotadas de consequências prejudiciais a toda população, justamente pelo desalinhamento que nutro com o novo presidente”, diz em outro trecho da carta.
Ao elencar as obras que deixa em andamento, Carmelinda citou a pavimentação de bairros em parceria com o governo estadual. ”Avançamos no equilíbrio das contas públicas, na melhoria da saúde, na melhoria da educação, na melhoria da assistencial social, na melhoria da infraestrutura, na melhoria da agricultura, enfim dos mais diversos setores. E tenho certeza de que consegui”, disse.
Procurada pela Folha, ela não quis se manifestar e disse que tudo o que tem a dizer está na carta. Questionada se já esteve com Bolsonaro e se retornará para a política, afirmou que nunca esteve com o ex-presidente, mas que o admira pela sua coragem e postura, e que o futuro ”a Deus pertence”.