Com boa parte das vias alagadas, Jequié, no Médio Rio de Contas, Sudoeste baiano, já começa a estimar os prejuízos causados pela inundação histórica. Na cidade, a região do Centro Comercial, que abriga o Centro de Abastecimento [Ceavig], ainda está tomada pela água. No último domingo (25), o espaço precisou ser evacuado (veja aqui).
Em entrevista na manhã desta terça-feira (27) ao Bahia Notícias, o prefeito Zé Cocá (PP) declarou que estimativas incompletas apontam um prejuízo de mais de R$ 100 milhões. ”Nós estamos fazendo um estudo junto com a Associação Comercial e Industrial de Jequié e a Câmara de Dirigentes Lojistas [CDL], e estamos já falando de um prejuízo de mais de R$ 100 milhões. Teve comerciante que perdeu coisa de R$ 4 milhões”, relatou o gestor, que também é presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB).
Nesta segunda-feira (26), o gestor esteve com o governador baiano em exercício, Adolfo Menezes (PSD), e do governador eleito, Jerônimo Rodrigues (PT), que visitaram cidades atingidas pelas chuvas na região (clique aqui). Cocá pediu ajuda humanitária, mas sobretudo auxílio para a recuperação dos estabelecimentos.
”Ontem, estivemos com os dois, que vieram aqui, e eu falei para eles que o que mais precisamos é de financiamento para os comerciantes. Precisamos de dinheiro para fazer com que o comerciante não deixe o comércio dele parar. Claro que as outras ajudas são importantes, mas essa é a principal ajuda de que necessitamos para a cidade não entrar em colapso”, declarou.
Segundo o prefeito, cerca de 200 famílias estão desabrigadas em Jequié após a inundação, e mais de 1,8 mil estão desalojadas. No caso destas, elas estão em casas de parentes, amigos e vizinhos, e devem voltar para casa assim que a situação estiver segura.
Zé Cocá também voltou a criticar a conduta da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) na enchente do Rio de Contas (ver aqui), que provocou a inundação em Jequié, além de outras cidades da região. Disse também que não houve nenhum avanço nas conversas com a companhia.
”No sábado, ela [Chesf] dá uma nota que a vazão iria para 1,2 mil [metros cúbicos por segundo]. A gente pergunta a partir de quantos m³/s a cidade alagaria, e ela não dá nenhuma informação. No domingo de manhã, às 10h, chama a gente e diz que a vazão vai sair de 1,2 mil m³/s, depois para 1,6 mil m³/s, 1,8 mil m³/s e 2 mil m3/s. A gente volta a perguntar se aquilo não ia alagar. Disseram que não porque dependeria de outras coisas, da defluência, mas precisaríamos avisar. Quando a gente sai da reunião, isso com 2 mil m3/s de vazão, e já alagaria, eles mandam um comunicado que iria para 2,4 mil m³/s. Com uma hora e meia depois, a cidade já estava debaixo d’água”, relatou.