Dois deputados do PDT, partido de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL), foram os únicos da esquerda a assinar o pedido para criação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que busca investigar suposto uso político de institutos de pesquisa para influenciar o resultado das eleições.
Flávia Morais (GO) e Pompeo de Mattos (RS) estão entre as 179 assinaturas protocoladas junto com o pedido de criação da comissão —para ser aceito, o requerimento precisava contar com pelo menos 171. Todas as demais são de partidos de direita, como Novo, centro-direita, como PSDB, União Brasil, MDB e PSD, e do centrão (PP, PL e Republicanos, que somam 135 assinaturas).
A Folha procurou ambos para saber o motivo do apoio. O deputado Pompeo de Mattos disse que precisava consultar sua assessoria para saber se havia assinado a lista —a coleta de assinaturas foi feita por bolsonaristas como Carlos Jordy (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
”Via de regra eu assino CPIs”, disse, antes de acrescentar novamente que precisaria checar esse caso específico. ”Eu tenho projetos de lei regulamentando a questão da pesquisa. Acho que, do jeito que está, não dá mais para ficar. Agora quanto a uma CPI tem que examinar bem, inclusive com meu partido.”
Pompeo é autor de dois projetos (um de 2000 e outro de 2008) que buscam proibir a publicação de pesquisas eleitorais nos 15 dias que antecedem as eleições. A deputada Flávia Morais não se manifestou. Procurado, o presidente do PDT, Carlos Lupi, disse que o partido ainda não discutiu a criação da CPI.
Para ser instalada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deverá analisar se há fato determinado e qual será o prazo de funcionamento do colegiado, que terá poderes de investigação de autoridades judiciais, como determinar diligências e quebrar sigilo bancário.
*Danielle Brant, Folhapress