O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (18) que o governo deverá resolver nesta semana detalhes sobre a extensão do auxílio emergencial e também de medidas referentes ao preço do diesel no país.
”Se Deus quiser, nós resolveremos esta semana a extensão do auxílio emergencial, como devemos resolver também esta semana a questão do preço do diesel”, disse. ”As soluções não são fáceis, mas nós temos a obrigação de mostrar a origem do problema e como resolvê-lo”, completou ele, em cerimônia em São Roque (MG) de lançamento de um programa para garantir acesso à água no semiárido brasileiro.
O presidente disse que se reuniu no sábado (16) com ministros, entre eles o titular da Economia, Paulo Guedes, para discutir a extensão do auxílio emergencial em um valor que dê dignidade aos necessitados. O benefício pago durante a pandemia encerra-se neste mês.
Apesar da fala do presidente ter sido nominalmente auxílio emergencial, o governo também tem discutido medidas para a criação do Auxílio Brasil, o novo programa de assistência social reforçado que substituirá o Bolsa Família.
A adoção do Auxílio Brasil esbarra, no momento, em qual será a fonte de financiamento do programa. O governo busca aprovar no Congresso mudanças legais como uma nova forma de pagamento dos precatórios e a reforma do Imposto de Renda com o objetivo de abrir espaço fiscal para custear o novo benefício.
Procurado para esclarecer se o presidente teria se confundido, a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência não respondeu de imediato o pedido de comentário.
DIESEL
No caso do preço do diesel, três entidades nacionais de trabalhadores vinculados ao setor de transporte de cargas anunciaram que decidiram decretar estado de greve e que vão iniciar greve nacional a partir de 1º de novembro se o governo federal não atender reivindicações que remontam à paralisação dos caminhoneiros em 2018.
Uma das principais queixas dos motoristas é justamente o custo do combustível, reajustado para cima seguidas vezes nos últimos meses pela Petrobras. O preço médio do diesel no país acumula alta de mais de 50% neste ano.
A decisão foi tomada durante encontro no Rio de Janeiro que reuniu as entidades Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), vinculada à CUT; Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), segundo comunicado enviado à imprensa na noite de sábado.
As três entidades já fizeram outras convocações de greve nacional dos caminhoneiros, incluindo em fevereiro e julho deste ano, mas com a categoria dividida entre grupos que apoiam e são contra o governo de Jair Bolsonaro os protestos não chegaram ao nível de mobilização de 2018, em que o país parou por mais de 10 dias.
No final de setembro, a Petrobras anunciou aumento de 9% no preço médio do diesel vendido em suas refinarias, após 85 dias de estabilidade. Com o movimento, os preços médios de diesel e gasolina da Petrobras acumulam alta de mais de 50% neste ano.
A Câmara dos Deputados aprovou na semana passada projeto que torna fixo o ICMS incidente sobre os combustíveis, uma proposta defendida por Bolsonaro, mas que não conta com apoio de boa parte dos governadores, que calculam que perderão R$ 24 bilhões em arrecadação. O texto vai ser analisado pelo Senado.
INFLAÇÃO
O presidente disse ainda que ”brevemente” a inflação no país começará a diminuir, argumentando que o governo está tomando medidas para debelar o aumento de preços. Bolsonaro voltou a questionar mais uma vez a eficácia de vacinas contra Covid-19, destacando a liberdade das pessoas em se imunizar ou não.
O presidente chegou a citar a morte do ex-secretário de Estado dos Estados Unidos Colin Powell, que estava completamente vacinado e faleceu nesta segunda por complicações da Covid-19.
Bolsonaro voltou a falar erradamente que algumas das vacinas contra Covid-19 são experimentais. As vacinas disponíveis à população brasileira, no entanto, foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) após a realização de testes como seguras e eficazes.
*por Ricardo Brito/Folhapress