No início da pandemia do coronavírus, a preocupação de políticos nas metrópoles e cidades interioranas era com a propagação de mensagens nas redes sociais em que estava evidenciada explicitamente que a prioridade era com decretos de medidas restritivas e da salvaguarda de vidas. A proibição do funcionamento de estabelecimentos comerciais foi uma das principais medidas adotadas pelas prefeituras, inclusive, algumas empresas não resistiram a queda de receitas e chegaram a fechar as portas definitivamente.
Agora, com o período de campanha eleitoral, muitos políticos estão preocupados em forçar aglomerações de seus seguidores, criando um desafio a mais para enfrentar as eleições e o coronavírus, pois a pandemia ainda não acabou.
Em Jaguaquara, maior colégio eleitoral do Vale do Jiquiriçá, com mais de 33 mil eleitores aptos a votar nas eleições 2020, por exemplo, a classe política não está dando muita importância para o vírus. A Prefeitura afrouxou as medidas, autorizou a abertura do comércio, extinguiu as barreiras sanitárias que monitoravam a entrada de pessoas oriundas de outros municípios e o foco parece ser a política.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) listou critérios que devem ser preenchidos antes de começar a afrouxar paulatinamente o controle de movimentação da população. Contudo, na Toca da Onça, que registrou, desde o início da pandemia, 2.356 casos, 19 óbitos, estando 209 pessoas infectadas atualmente, conforme o boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, os líderes políticos, no afã de mostrar força, estão priorizando a disputa por votos e, a cada evento realizado, viralizam fotos e vídeos que revelam o descumprimento do decreto estadual, cuja norma sanitária autoriza a volta de eventos com até 100 pessoas na Bahia e os números registrados nas reuniões, desde as convenções partidárias, parecem superar o permitido.
Ao longo desta semana, foram realizados atos políticos em Jaguaquara, e muitas das cenas que assistimos nos fazem refletir se o comportamento adotado nesses encontros deixa de lado a prevenção contra a doença. E as cenas de aglomerações estão se tornando cada vez mais frequente. Na segunda-feira (28), vídeos passaram a circular na internet revelando ato de campanha, denominado Encontro das Mulheres, promovido pela coligação partidária que tem a ex-secretária de Desenvolvimento Social Edione Agostione (PP), aliada do prefeito Giuliano Martinelli (PP), com aglomeração. Parecia ser uma festa.
Nesta quarta-feira (30), foi a vez do grupo de oposição liderado pelo candidato do PSD, Raimundo Louzado, aparecer aglomerando em um local fechado, e nas redes sociais as informações davam conta de que se tratava de um Encontro com Mototaxistas. A euforia das pessoas era tamanha.
O pior é que nem todos os participantes desses eventos fazem uso da mascara, que antes era exigido por meio de decreto. Esses exemplos negativos podem custar caro. Há quem diga que as autoridades competentes não encontraram facilidade para controlar a situação até o dia 15 de novembro, quando os eleitores irão as urnas.