A partir de 3 de agosto, um novo padrão de gasolina será fornecido no mercado brasileiro, conforme a Resolução 807/2020, da Agência Nacional do Petróleo. Segundo a agência, os motoristas poderão sentir a melhor qualidade do produto – que também facilitará a identificação do produto adulterado. Mas o preço deve ser maior.
De acordo com a resolução, a nova gasolina terá um período de transição. Após o dia 3, 100% do combustíivel vendido às distribuidoras terá as novas específicações. As distribuidoras terão, porém, 60 dias para escoar a gasolina comprada antes, e os postos terão 90 dias para vender o estoque antigo. Em 3 de novembro a nova gasolina passará a ser opção única.
A doutora em química e especialista em regulação da ANP, Ednéia Caliman, afirmou à Agência Brasil que a mudança aproxima o padrão da gasolina no Brasil ao da União Europeia e de parâmetros dos EUA . ”A gasolina está sendo melhorada para que os motoristas não sintam problemas com a qualidade, não sintam perda de potência, não sintam falhas de partida, não observem problemas de falha de detonação”, acrescentou.
Uma das principais mudanças é o limite mínimo de massa específica. A nova gasolina precisará ter 715 quilos por metro cúbico. Quanto mais denso o produto, maior a energia para ser convertida no momento da combustão. A redução do consumo poderá ser de 4% a 6%, estimam os estudos que embasaram a mudança publicada pela ANP.
Outra novidade é o estabelecimento de uma faixa com limite máximo e mínimo de temperatura para uma evaporação de 50% da gasolina, parâmetro que é chamado de destilação e mede a volatilidade do combustível. Antes, a ANP regulava apenas o limite máximo.
Refinarias
A terceira mudança mais relevante nas especificações é na octanagem, que controla a resistência da gasolina à detonação. Quando o combustível tem uma octanagem adequada, ele resiste mais à detonação, o que faz com que ela ocorra apenas no momento certo, dentro do motor. Esse parâmetro evita um problema conhecido como batida de pino.
A gasolina mais pesada e de melhor qualidade também é mais cara para ser produzida e tem maior valor no mercado internacional. Em nota, a empresa admite que o preço vai subir, mas argumenta que ”o ganho de rendimento compensa a diferença de preço da gasolina, porque o consumidor vai rodar mais quilômetros por litro.”
Especialista em combustíveis da Petrobras, Rogério Gonçalves conta que a empresa começou a adaptar suas refinarias para atender às especificações. Gonçalves avalia que as novas regras também ajudam no combate ao combustível adulterado. ”Muitos fraudadores de combustível adicionam produtos muito leves à gasolina para ganhar volume, produtos baratos”, explica.