Um levantamento realizado pelo consórcio da imprensa mostrou que a maioria dos estados brasileiros não notificam seus casos de coronavírus por critério de raça. Apenas oito têm os dados disponíveis e acessíveis. Segundo especialistas, esse tipo de levantamento é fundamental para que seja pensada uma política de saúde com equidade.
O estudo também revela que 12 unidades federativas do Brasil não informam, em seus boletins, informações sobre testes inconclusivos, ou seja, sem resultado definido. Esses dados são considerados de extrema importância para que seja acompanhado o panorama da doença em território nacional.
“Se falta informação, é difícil planejar qualquer coisa. Aliás, planejamento estratégico é algo que falta desde o começo: tem que olhar os dados e construir algum tipo de política, mas está difícil. Mesmo testando pouco, chegamos a 1 milhão (de casos). E neste momento de relaxamento é quando deveríamos fazer ainda mais testes, e de forma integrada: se achar um caso em uma família, isolar e acompanhar estes outros contatos diretos, para quebrar a cadeia de transmissão. Isso não está sendo feito”, afirmou Diego Xavier, epidemiologista do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict), da Fiocruz.
Os únicos estados a informarem dados raciais sobre as vítimas da Covid-19, são Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Parana, Rio Grande do Norte, Rondônia e Rio Grande do Sul. Muitos dos estados que não divulgam esse tipo de informação afirmam que raça não é uma variável que consta dos boletins preenchidos pelas unidades de saúde.
Segundo a pesquisa, foi apontado particularidades específicas em cada estado quanto a divulgação de suas informações dos boletins diários. Essas alterações podem ser referentes ao número de balanços diários divulgados, horários específicos de publicação e padronização quanto a informações dos contaminados.
No último boletim epidemiológico, divulgado neste sábado, 20, pelo Ministério da Saúde, o Brasil registrou mais de 1 milhão de casos e ultrapassou a marca de 50 mil mortes pelo Covid-19. Com informações do A Tarde