Nas últimas semanas, o município de Serrinha, a cerca de 185 quilômetros de Salvador, registrou crescimento no número de casos confirmados da Covid-19. De acordo com o último balanço divulgado pela prefeitura da cidade, no domingo (7), a cidade contabilizava 118 pessoas contaminadas pela doença. O número é 1.866,66% superior ao registrado há 25 dias, quando havia seis casos confirmados do coronavírus no município.
Em Serrinha, a prefeitura determinou o toque de recolher das 18h às 5h. Além disso, na cidade, só é permitido o funcionamento do comércio essencial, a exemplo de supermercados, farmácias e postos de combustível.
Contudo, a situação era distinta no dia 22 de abril, quando a prefeitura autorizou o retorno do comércio com operação de 50% da capacidade. Àquela altura, Serrinha tinha quatro casos confirmados da Covid-19. Cerca de um mês depois, no dia 20 de maio, diante do aumento no número de registros da doença, a prefeitura decidiu retomar as regras mais rígidas.
Em entrevista ao site G1, o prefeito de Serrinha, Adriano Lima, pontuou o que acredita serem os motivos para o crescimento de casos na cidade. O gestor relatou casos relacionados a uma mineradora que atua na região, bem como o descumprimento, por parte dos moradores, das medidas de restrição.
“Na verdade, hoje, a gente tem dois pontos que, no meu ponto de vista, são fundamentais: o caso da mineradora, porque o maior número de casos que a gente tem é ligado direto ou indiretamente. A gente vê também o pessoal não seguindo muito as medidas de restrição preconizadas pela própria gestão, às vezes formando aglomerações em setores de comércio que não era para estar tendo. Ainda se vê movimentação grande na cidade”. avalia.
Outro fator que tem relação com o aumento no número de contaminados em Serrinha é a realização de testes rápidos, segundo Adriano Lima. O prefeito afirma que pretende testar o maior número possível de moradores.
”Na verdade, está tendo uma pandemia a nível de planeta. Nosso estado está envolto nisso. Está acontecendo em todos os municípios. O grande problema que a gente tem hoje é subnotificação. Você não tem um teste em massa a nível de Brasil, Bahia. E aí você tem muitos menos casos em evidência do que realmente existem. A gente está fazendo teste rápido aqui. Tenho certeza que um dos municípios que mais testam é Serrinha. A gente está tendo também um número de casos aumentado porque está testando muito. A gente já fez dois mil testes rápidos. O município tem 83 mil habitantes. A gente vai tentar fazer em torno de 15% a 20% da população. É um objetivo que a gente tem, mas não sei se vai ser possível por conta dos recursos que nós temos”, disse o prefeito.
O toque de recolher foi colocado em prática em Serrinha na última quarta-feira (3). O prefeito Adriano Lima explica que, como a nova determinação tem pouco tempo, ainda não é possível ter um panorama dos efeitos dela.
”A gente instituiu toque de recolher na semana passada, quarta-feira. E a gente vai estar fazendo avaliações dessas atuações mais duras nas próximas três semanas. Devido aos 14 dias de período de encubação da doença, vamos ter uma avaliação melhor de quando instituímos medidas mais duras. Algumas pessoas, não muitas (descumpriram as recomendações). Tem pessoas que, às vezes, estão indo fazer compras em farmácias, saem de consultas, algumas que estão de forma inadvertida na rua, são orientadas a voltar. Não está tendo muito problema. São coisas pontuais”, afirma.
Serrinha conta com dez leitos de UTI, mas apenas um deles está sendo usado por uma paciente que sofreu AVC. Na cidade, foram instaladas quatro barreiras sanitaristas para realização de teste de temperatura, avaliação de sintomas para detecção de possessíveis suspeitos de coronavírus, dados de agrupamentos em transportes, de destinos e origens dos passageiros e motoristas, entre outras informações e medidas