O Brasil registrou nesta quinta-feira, 23, 407 novas mortes provocadas pelo novo coronavírus e 3.753 novos casos da doença nas últimas 24 horas, segundo informações do Ministério da Saúde. Trata-se do maior aumento de mortes por covid-19 registrado de um dia para o outro desde o primeiro registro da doença no país.
Com isso, em todo o País, o número de mortes de pessoas infectadas pelo novo coronavírus chegou a 3.313, com um total de 49.492 casos confirmados. Até quarta-feira, o número total era de 2.906 vítimas fatais e 45.757 casos confirmados.
Conforme mostrou reportagem do Estado, dados da última nota técnica do MonitoraCovid-19, um sistema da Fiocruz que agrupa dados sobre a pandemia do novo coronavírus, indicam que o número de mortes provocadas pela covid-19 no Brasil tem dobrado a cada cinco dias. Nos Estados Unidos, essa duplicação ocorre a cada seis dias, e na Itália e na Espanha, a cada oito.
A nota técnica também alerta para a interiorização da epidemia, que está chegando de forma acelerada aos municípios de menor porte do País. Dentre os municípios com mais de 500 mil habitantes, todos já apresentam casos da doença. Naqueles com população entre 50 mil e 100 mil habitantes, 59,6% têm casos. Já 25,8% dos municípios com população entre 20 mil e 50 mil, 11,1% daqueles com população entre 10 mil e 20 mil habitantes e 4,1% dos municípios com população até 10 mil habitantes apresentam doentes de covid-19.
Ontem, durante sua primeira entrevista coletiva à imprensa desde que assumiu o cargo de ministro da Saúde, Nelson Teich ignorou a larga subnotificação dos casos da doença no país ao afirmar que o Brasil é um dos países com melhor desempenho contra a covid-19.
“O Brasil hoje é um dos países que melhor performa em relação a covid. Se você analisar mortos por milhão de pessoas, o número do Brasil é de 8.17. A Alemanha tem 15. A Itália 135. Espanha 255. Reino unido 90 e EUA 29”, disse Teich na quarta-feira, 22.
A fala desagradou gestores da saúde e técnicos do ministério ouvidos por reportagem do Estado. Reservadamente, eles disseram que a comparação é incorreta, pois a falta de testes não permite afirmar quantos casos e mortes o País tem de fato.
Os dados apresentados por Teich de mortos por milhão foram, ainda, distintos de números usados como base pelo próprio Ministério da Saúde. A Alemanha tem 63 mortos por milhão pela covid. A Itália, 415 e o Brasil, 14. Os dados de Estados brasileiros são discrepantes. Amazonas (45 por milhão), Pernambuco (24), Rio de Janeiro (23), São Paulo (23) e Ceará (22) tem coeficiente de mortalidade muito alta, segundo dados de terça-feira, 21, do Ministério da Saúde. Procurada, a pasta não informou qual foi a fonte usada pelo ministro.