Quatro dias após a morte de Mateus dos Santos Costa, de 23 anos, o baiano que está entre as nove vítimas da ação da Polícia Militar de São Paulo, durante um baile funk na comunidade de Paraisópolis, no último domingo (1º), a família da vítima, que residente em Maracás/BA, ainda busca respostas e pede justiça.
A irmã de Mateus, que não o via há 05 anos, desde quando ele se mudou para SP, disse em entrevista ao Blog Marcos Frahm que a família está abalada com o ocorrido. ”Mateus era um menino do bem, não era do mal. Ele estava em São Paulo trabalhando e no final de semana foi se diverti, quando perdeu a vida com essa atitude dos policiais. Nós queremos que a justiça tome as providências”.
Ela lamentou o fato de, a família, apesar de não ter condição financeira, ter que pagar R$ 5 mil pelo translado do corpo até o aeroporto de Ilhéus, de onde foi levado o cadáver à Maracás em um veículo de uma funerária contratada pela mãe de Mateus, que é cadeirante.
A aposentada Maria José Rodrigues fez um empréstimo no valor de R$ 5 mil para pagar a despesa funeral. O empréstimo será descontado na aposentadoria da genitora de Mateus. ”Minha mãe está arrasada. Ela é cadeirante e não teve como nos acompanhar até o cemitério, mas está em casa, sofrendo e ainda teve de pagar R$ mil pra trazer o corpo. Nós queremos explicações da justiça de SP”, cobrou. Mateus deixou pai, mãe e 10 irmãos.
Ministro da Justiça se manifesta sobre o caso
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, atribuiu a um ”erro operacional grave” da Polícia Militar de São Paulo as nove mortes em Paraisópolis, em seu primeiro comentário sobre o assunto, nesta quarta-feira. ”Nesse caso em São Paulo, com todo respeito à Polícia Militar do Estado de São Paulo, realmente é uma corporação de qualidade, elogiada no país inteiro, aparentemente houve lá um excesso, um erro operacional grave que resultou na morte de algumas pessoas. Mas em nenhum momento ali existe uma situação de legítima defesa”, disse Moro.
Nove pessoas morreram pisoteadas e 12 ficaram feridas durante tumulto após ação da PM no baile funk. A corporação paulista afirmou que os agentes de segurança perseguiam dois suspeitos em uma moto, quando entraram no local da festa, que reuniu cerca de 5 mil pessoas.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chamou o caso de ”incidente triste” e disse transmitir aos familiares dos nove jovens mortos sua ”solidariedade”. Moradores, em relatos e vídeos, acusam os PMs de agir com truculência.