O dólar fechou nesta sexta-feira, 8, cotado a R$ 4,1666, com alta de 1,80%, em dia marcado pela expectativa pela soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre prisão em segunda instância. O Ibovespa tinha queda de 2,04%, atingindo a mínima de 107.341,95 pontos, às 17h.
A alta do dólar ante o real foi bem maior que a valorização do dólar em relação a moedas de outros países ligados a commodities, segundo operadores do mercado de câmbio, pela aposta dos agentes financeiros na piora do fluxo cambial para o Brasil. O movimento acontece após o STF ter mudado de entendimento e derrubado a prisão em segunda instância antes do trânsito em julgado dos processos. Além de Lula, a decisão beneficia cerca de 5 mil presos.
Cenário externo
Do lado externo, a cautela nos mercados reflete um novo revés nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China.
”Queira ou não, se Lula puder concorrer acende um sinal amarelo. A não participação de estrangeiros no pré-sal serve de alerta já por causa de tudo que estamos vendo, falta de confiança, mesmo com risco País nos menores níveis da história”, comenta o operador Hideaki Iha, da corretora Fair.
O diretor-superintendente da Correparti, Jefferson Rugik, avalia que a decisão do STF põe mais pressão sobre a moeda por representar insegurança jurídica, fato que pode afastar o investidor estrangeiro do País. ”Por enquanto, só vimos saída de fundos estrangeiros do mercado local”, diz o executivo. ”As remessas de dividendos ao exterior costumam acontecer com maior intensidade a partir da segunda quinzena deste mês.”
Para o economista da Guide Investimentos, Homero Guizzo, o mercado local acompanha desde cedo, principalmente, a alta do dólar ante seus pares principais e divisas emergentes ligadas a commodities em meio a incertezas com um acordo comercial entre EUA e China.
Em relação à decisão do STF, Guizzo avalia que pode até ajudar o governo Bolsonaro, porque agora eles têm uma polarização clara, bem definida, que é útil para o clã político Bolsonaro. ”Lula poderia ser um inimigo útil para o clã Bolsonaro. A direita conversa melhor entre ela quando aparece um fato desse”, afirma.