Quem acha que o arrocha trata somente sobre tristeza ou ”dor de corno’, achou errado. O arrocha está diferente daquele tocado há mais de 20 anos. Agora, mais ”pra frente”, como diz Roque Delson, líder do Brasilian Boys, ou seja, com batidas mais rápidas e dançantes, o ritmo recupera seu espaço como um dos mais relevantes do estado. Nomes como Unha Pintada, Luanzinho e Anna Catarina – a adolescente que arrebatou os ouvidos soteropolitanos com o refrão ”Te amo e você nem tchum’ – destacam-se em meio a uma renovação do gênero, tanto em nomes quanto em seu ritmo. O som candeense mostra fôlego para ganhar o Brasil mais uma vez.
De acordo com Rony Maltz, CEO do Sua Música, plataforma de streaming mais popular do Nordeste, o ritmo é o segundo mais ouvido na região, perdendo apenas para o forró. Dez milhões de pessoas ouvem arrocha dentro do Sua Música. Foi em Sergipe, onde o arrocha é tão febre quanto em Salvador, que surgiram algumas revelações do gênero.
É o caso de Luanzinho Moraes, que faz sucesso com Desculpa e Fui brincar com fogo, cantada em coro durante o festival 10 Horas de Arrocha, ocorrido no último dia 10, no Wet’n Wild. Só no Sua Música, o artista conta com mais de um milhão de downloads e 40 milhões de reproduções. Com apenas um ano de carreira, o sucesso lhe rendeu diversos shows país afora. ”Só tenho a agradecer por este momento na carreira, fazendo show no país inteiro”, comemora.
Para ele, o ritmo ganha corpo fora do Nordeste e vê nomes como Unha Pintada e Devinho Novaes, Anna Catarina, além do seu próprio, em crescimento fora dos seus estados. Até mesmo no Sudeste. São Paulo é a segunda cidade com mais ouvintes de arrocha no Sua Música, à frente mesmo de Aracaju.
Anna Catarina, 16 anos, de Aratuípe (BA), vive o melhor momento da vida: ela é o maior sucesso recente do arrocha. São mais de 25 shows por mês, agenda lotada até o fim do ano e mais de 10 milhões de visualizações no YouTube. ”Eu vejo como uma conquista, é algo que sempre sonhei desde pequena”, diz ela. Suas músicas, sucesso nas redes sociais e nas ruas, contribuem para uma renovação do público. ”Nos shows, vejo muita gente que nunca tinha escutado arrocha e passou a ouvir depois de me ouvir”.