A informação de que o ministro Sergio Moro afirmou a autoridades que as mensagens apreendidas com hackers serão destruídas, revelada pela Folha, deixou magistrados do STF (Supremo Tribunal Federal) perplexos. O ministro Marco Aurélio Mello se manifestou logo depois afirmando que apenas o Judiciário tem esse poder— mas outros magistrados vão além.
Eles dizem que só o STF poderia analisar a eventual destruição de mensagens que envolvem autoridades com foro privilegiado— como Jair Bolsonaro e o próprio Moro. E Moro avisou a Câmara dos Deputados que outros parlamentares, além do presidente da casa, Rodrigo Maia, também podem ter sido alvos de hackers. A informação não surpreendeu: há tempos deputados relatam invasões de seus celulares. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) foi hackeado em 2018. O golpista enviou mensagens a conhecidos dele pedindo dinheiro emprestado. Uma das pessoas chegou a depositar R$ 800 em uma conta, acreditando que era de Teixeira. O parlamentar ressarciu o amigo –e cobrou da operadora, que devolveu a ele o dinheiro.
O ex-deputado Wadih Damous (PT-RJ) foi clonado na mesma época. O criminoso pediu R$ 5 mil para conhecidos dele. Um jornalista chegou a retirar dinheiro da poupança para socorrê-lo. Os golpes chegaram ao TCU (Tribunal de Contas da União). Dirigentes do órgão receberam mensagens de um homem que se passava por seu presidente, José Mucio, no WhatsApp –também pedindo dinheiro. De 15 procurados, três chegaram a fazer depósitos de R$ 2.500 cada numa conta que pensavam ser da família dele. Neste caso, não houve hackeamento e sim uma imitação do WhatsApp de Mucio. Folha de SP