O caixão da pequena Agatha Sophia, de apenas 7 meses, foi sepultado sob uma chuva de rosas brancas e amarelas, jogadas por familiares e amigos, na tarde desta sexta-feira (1º), no Cemitério de Plataforma, em Salvador. ”Veja bem o que vocês fizeram”, dizia a mãe, Jessica Maciel, 26 anos, que passou o velório agarrada ao caixão da filha, cantarolando como se a ninasse. A frase se refere aos policiais que participaram da ação que terminou com a morte de Agatha, atingida por uma bala de borracha. A mãe prometeu que não vai descansar enquanto não se fizer justiça. Esse era o mesmo desejo de todos os que compareceram ao enterro da menina: justiça. Três amigas de infância de Jéssica e vizinhas da família estavam indignadas com a situação. Uma delas, que também tem um filho de 5 anos, mesma idade do irmão de Agatha, declarou que o filho dela agora tem medo de policiais. ”Ele tinha o policial como um herói e agora está apavorado”, disse.
Relembre o caso
Jéssica Maciel contou ao jornal Correio que o pesadelo começou no último domingo (27), na localidade Recanto São Rafael, por volta de 19h30, quando ela saía, acompanhada dos filhos e da irmã, do aniversário de uma amiga. A bebê estava acordada, nos braços da mãe, no momento em que foi atingida na cabeça por uma bala de borracha. ”Eu já estava praticamente na avenida principal do bairro quando eles (policiais militares) chegaram com bomba, spray de pimenta e aquelas armas apontadas. Foi bater e inchar a cabeça dela, imediatamente. Ela chorou até desmaiar”, relatou. Com a filha nos braços, já desmaiada, Jéssica e a irmã pediram ajuda a dois militares que, segundo ela, negaram socorro. A mãe, então, recorreu a um motociclista que passava no momento do crime e prestou ajuda, levando a criança à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Marcos. Em seguida, a bebê foi transferida para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde teve morte cerebral decretada nesta quinta-feira (31). Em nota, a PM informou que, com a morte da menina, o processo administrativo não tem alterações. ”Não há mudanças, pois todas as providências penais e administrativas já foram adotadas”. Com informações do Correio