A aliança do ex-prefeito de Jaguaquara, Ademir Moreira, com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e com os deputados Sandro Régis (DEM) e Leur Lomanto Jr (MDB), anunciada ontem após selfies com os opositores do Governo do Estado na Lavagem do Bonfim, na capital baiana chegou a sacudir os bastidores da política, no maior colégio eleitoral do Vale do Jiquiriçá. Apesar do alvoroço provocado pelas selfies de Ademir com Neto, Régis e Leur o ingresso do ex-prefeito no grupo de oposição a Rui Costa (PT) e João Leão (PP) não é tão surpreendente assim. Os relatos são de que, Ademir, historicamente, sempre foi simpático ao Carlismo, tendo exercido, inclusive, mandatos de vereador pelo antigo PFL, liderado na ocasião pelo então governador, Antônio Carlos Magalhães, avô de ACM Neto. No pleito estadual de 2006, quando Jaques Wagner (PT) elegeu-se governador, Moreira, que era vereador, votou com Paulo Souto (DEM). Em 2010, foi um dos coordenadores, no Vale, da campanha de Geddel Vieira Lima (MDB), preso neste ano com a descoberta de um bunker de R$ 51 milhões, em Salvador, e que nas próximas eleições estaria compondo a chapa majoritária com Neto. Durante a disputa sucessória pelo Palácio de Ondina em 2014, Ademir apoiou Rui Costa (PT), por intermédio do seu padrinho, Leão, que disputava a vaga de vice e venceu Paulo Souto (DEM) com Rui. Quando questionado sobre o motivo da ruptura política com o atual vice-governador, de quem chegou a ser assessor parlamentar, atuando em seu gabinete, e com o deputado federal Cacá Leão, alegou ter sido traído, sob o pretexto de não ter tido apoio dos Leões na votação de suas contas na Câmara Municipal, referentes aos exercícios de 2011 e 2012, reprovadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios – TCM, cuja decisão foi mantida na Casa Legislativa por vereadores aliados do atual prefeito, Giuliano Martinelli (PP), afilhado político de João Leão. Mas quando o assunto traição é levado em consideração, o primeiro aspecto que os gurus políticos questionam é sobre o racha de Ademir com o então prefeito Osvaldo Cruz, do PT, em 2006. Os argumentos são de que, Moreira, estaria pagando na mesma moeda. Eleito vice-prefeito em 2004, quando integrou a chapa liderada pelo petista Osvaldo Cruz Moraes, que derrotou o gestor da época, Valdemiro Alves – Mirinho, do PT do B, Ademir, somando à retulância de seus aliados em fechar um acordo para apoiar uma candidatura de Osvaldo a deputado estadual, decidiu fazer aliança com João Leão, para deputado federal, e Roberto Muniz, estadual, ambos do PP e deixou Osvaldo de mãos atadas, depois de ter renunciado ao cargo de prefeito para disputar vaga na Assembleia Legislativa. O petista, mesmo sem o apoio de Ademir, chegou a enfrentar as eleições estaduais e ficou apenas na suplência, alegando ter sido traído por Ademir, que defendeu Leão e Muniz. É parte do jogo político e todo e qualquer líder sabe que, a fidelidade política, ainda é uma virtude a ser buscada pelos políticos. Porém, Osvaldo mostrou, nas eleições de 2016, quando tentou voltar ao poder que ainda não engoliu o fato de Ademir ter decidido pela aliança com Leão e Roberto Muniz, em 2006, depois de lhe garantir apoio, antes da renúncia. O petista recusou a aderência de Moreira a sua campanha na disputa com Martinelli, que foi reeleito, no ano passado, mesmo sem Ademir no palanque.