A Polícia Federal encontrou em um apartamento do senador Aécio Neves dois celulares ”cujas linhas telefônicas estavam habilitadas em nomes de supostos laranjas”. Um ex-motorista e uma ex-funcionária da Andréa Neves, irmã do senador presa na operação Patmos, em abril, um agricultor do interior de Minas e um funcionário de uma empresa de construção civil aparecem como responsáveis pelas linhas. Encontrados no apartamento que o tucano mantêm na avenida Vieira Souto, em Ipanema, no Rio, os aparelhos, segundo a PF, foram analisados e com informações obtidas nas operadoras de telefonia foi possível mapear os titulares das linhas utilizadas neles. As informações constam no Relatório de Análise de Material Apreendido nº072/20117 produzido no âmbito da Patmos, desdobramento do acordo de colaboração premiada dos executivos da JBS. ”O material analisado não apresentou relevância para a investigação, exceto os itens 20 e 25, correspondentes aos aparelhos celulares cujas linhas telefônicas estavam habilitadas em nomes de supostos laranjas, razão pela qual, oportunamente, podem apresentar relevância maior para a investigação”, conclui o relatório da PF pelo agente Glei dos Santos Souza. O celular Nokia 1280 estava em nome de um agricultor do interior de Minas Gerais de nome Laércio de Oliveira. ”Uma pessoa simples, agricultor de café que, em tese, não pertence ao convívio social do investigado senador Aécio Neves da Cunha, donde se infere que seus dados pessoais podem ter sido usados para habilitação da linha sem o seu consentimento”, explica a PF. O LG A275, segundo a PF utilizado em conversas ponto-a-ponto, possuía uma linha em nome de Mitil Ilcher Durão, funcionário de uma empresa de engenharia cujo registro de domicilio remete ao estado do Espirito Santo (ES). Em pesquisa solicitada à operadora Vivo, a PF descobriu que os números utilizados ao longo dos anos no aparelho foram registrados em nome de Valquiria Julia da Silva, que possui vínculo empregatício com a irmã de Aécio, de Agnaldo Soares, ex-motorista de Andréa Neves e funcionário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. ”Como visto, os titulares das linhas telefônicas acima referenciadas são pessoas simples e não há de se descartar a possibilidade de tais linhas terem sido habilitadas sem o consentimento deles. Há de informar também que os últimos registros de ligações realizadas por aqueles aparelhos não denotam ser de pessoas de convívio social de assinantes daquelas linhas, haja vista o ramo de atividades que atuam”, diz o relatório de análise.