A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, fez um discurso relativamente curto, não falou na Operação lava-Jato, citou passagens ditas pelo Papa Francisco e fez questão de destacar a importância da ”harmonia entre os poderes”. Tendo ao lado três políticos que estão sendo investigados pelo STF depois de inquéritos comandados por seu antecessor, Rodrigo Janot, Dodge falou em combate à corrupção, mas destacou outras áreas de ação do Ministério Público, como a defesa das minorias e direitos humanos, sua principal área de atuação. O tom usado por Dodge agradou aos políticos que já contavam nos dedos os dias para a saída de Rodrigo Janot. No Judiciário, houve quem fizesse a avaliação de que seu discurso foi ”no tom certo” para o momento de baixar as armas e passar tranquilidade ao país – o que não deve ser entendido como fim das investigações. A nova procuradora-geral fez uma citação ”na medida” de seu antecessor Rodrigo Janot que, é sabido por todos, faz parte de outro grupo dentro da Procuradoria. Ponto para ela, pois Janot preferiu ficar longe da cerimônia. Dodge, no entanto, fez questão de falar na instituição e lembrar que 41 brasileiros já passaram pelo mesmo cargo, em momentos mais calmos ou mais turbulentos (como este, por exemplo). Só o tempo dirá qual destino terá a popular Lava Jato sob o comando de Raquel Dodge. Mas na chegada ela fez o que era dela esperado: jogou água fria no ambiente que está fervendo nos bastidores do Ministério Público Federal.