Dois dias depois de a Câmara dos Deputados arquivar a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva, o secretários de Desenvolvimento Econômico da Bahia, Jaques Wagner (PT), voltou a defender a convocação de novas eleições gerais para que a população se sinta parte do processo político do país. ”Primeiro, não gosto desta coisa de chamar de diretas já. Este é um conceito que usávamos quando não podíamos votar. Não é o caso. Defendia à época do colégio eleitoral que ficássemos fora e voltarei a defender que o PT não participe de uma eleição indireta em caso de afastamento de Temer. Se (o afastamento) acontecer faltando mais de seis meses a saída é a aprovação da PEC de Lídice ou Miro convocando novas eleições”, disse Wagner na manhã desta sexta-feira (4) em entrevista ao site Bocão News. Articulador político do PT, Wagner criticou os que defendem este Parlamentarismo escamoteado. ”Se querem Parlamentarismo, que criem coragem para defender um novo plebiscito e não ficar fazendo este jogo. Isto é a mesma decisão que tiveram com Dilma Rousseff. Está claro que arranjaram um argumento frágil para fazer uma eleição via colégio eleitoral e tirar a presidente eleita”, afirma. Wagner avalia que a população está ”desanimada” porque foi afastada do processo. ”O desanimo das ruas é por causa deste distanciamento. As pessoas querem saber quando serão chamadas a participar e somente a eleição fará isso”, ressalta. No que se refere ao resultado da votação da última quarta-feira (2), o ex-governador afirma que o resultado já era esperado, mas que houve demonstração de queda na base do grupo que derrubou Dilma. ”Aquele colégio eleitoral que derrubou a presidente eleita tinha 362 votos, agora foram 263. Uma queda de 101 votos”. Caso este cenário se mantenha, o presidente Temer terá dificuldade para aprovar as reformas e quando chegar em 2018 a base estará ainda mais esfacelada, segundo Wagner. ”Vamos falar para as pessoas que estes que estão aí ceifaram o direito de voto dela e jogaram no lixo aquilo que foi decidido pela população”. O processo, na análise do secretário estadual, é irreversível. ”Cada vez fica mais clara a mudança. As pessoas sempre estiveram mais atentas nas eleições para prefeito, governador, presidente e senador. O Legislativo não tinha a mesma atenção, mas, principalmente, depois do que fizeram com a Dilma, a eleição será diferente”. As pessoas estão fazendo sua própria agenda até 2018 e o PT vai conseguir, na avaliação de Wagner, ter Lula como candidato a presidente. ”A 1ª instância está fazendo aquilo lá (em referenciaa à condenação sentenciada por Moro). Não sei como será na 4ª região do TRF, mas existem várias instancias recursais. Os adversários têm que se conscientizar de que eleição se ganha na urna. Se quer derrotar, que o derrote na urna. São apenas dois caminho ou mata ou derrota. Como não acredito que a primeira vai acontecer. Eles que tentem derrotar na urna”, concluiu.