Apesar da pesquisa Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontar que a popularidade de Michel Temer atingiu seu nível mais baixo – com os que que avaliam o governo como ótimo ou bom recuando de 10% dos entrevistados, em março, para apenas 5% em julho, enquanto os que avaliam o governo como ruim ou péssimo sobem de 55% para 70% -, Temer conseguiu se recompor minimamente, reaglutinar forças e apoios ao ponto de ter como certo que irá barrar a denúncia de corrupção passiva na Câmara. Mas, em contrapartida, Temer pode ser derrubado pelos altos custos desse esforço por sobrevivência.
A aliança antinacional (formada pela Rede Globo e por setores da burocracia estatal como o MP, a PF e setores do Judiciário) deseja se livrar de Temer desde maio, no episódio do vazamento dos áudios de Joesley Batista, da JBS. O que mudou foi o pretexto. Ao invés da corrupção, é a inviabilidade econômica a justificativa apontada nos noticiários televisivos e impressos das Organizações Globo, que jogou luz na barafunda econômica, denunciando o iminente colapso fiscal e que a unidade em torno de Meirelles acabou após o aumento de impostos e por ele não ceder em afrouxar a meta fiscal já deficitária.
Os impressos paulistas, Folha e Estadão, permanecem entre a cruz e a caldeirinha. Já a burguesia paulista começou a se movimentar. Paulo Skaf, presidente da Fiesp, jantou com Temer mas pôs seu pato novamente na rua contra o aumento de impostos. Aliás, a mesma Fiesp conseguiu impedir o fim da política de desonerações através de ação judicial. Por isso o governo ilegítimo recorreu ao aumento de impostos.
O colapso fiscal bate à nossa porta. Os serviços públicos correm sérios riscos de parar. No entanto, o malabarismo proposto pela equipe econômica do governo ilegítimo não dão conta.
Acredito que nas próximas semanas o questionamento da inviabilidade econômica do governo ilegítimo e a perda de força da Lava Jato poderá unir o empresariado industrial com a aliança antinacional. A ver.
Já pensando em 2018 (se tiver 2018. Mais à frente eu explico), DEM e PSDB, em encontro entre Maia e Alckmin fecharam acordo pelo enterro da denúncia e a permanência de Temer, que é eleitoralmente mais conveniente a eles. E aproveitam o momento em que não ecoa nada das ruas, pois há um refluxo no movimento de massas e uma depressão cívica arrebatadora na sociedade. Já no campo da direita, os verde-e-amarelos batedores de panelas liderados por Kim Kataguiri, Lobão e Frotas da vida sumiram das ruas e das redes desde que a agenda neoliberal foi aplicada.
*Por Daniel Samam, editor do Blog de Canhota.