A bomba atômica detonada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, que abriu os sigilos das delações da Odebrecht e pediu inquéritos contra oito ministros, 24 senadores, 39 deputados e vários governadores, além de todos os ex-presidentes vivos, coloca uma questão urgente diante da sociedade: o que se faz no dia seguinte?
Agora já se sabe que praticamente toda a elite política brasileira foi implodida pela Odebrecht. No governo, Michel Temer foi acusado de abençoar um pagamento de propina de US$ 40 milhões para o PMDB, numa reunião ocorrida em seu próprio escritório político. Na base aliada, o senador Aécio Neves foi mais uma vez citado, acusado de receber US$ 50 milhões para favorecer empreiteiras. Na oposição, o ex-ministro Guido Mantega foi apontado como responsável pela arrecadação de US$ 100 milhões para a última campanha presidencial do PT.
Ou seja: tanto o governo e seus aliados como a oposição foram atingidos no peito pelo efeito Odebrecht, a empreiteira que montou uma das maiores máquinas de corrupção da história da humanidade. Nesse ambiente, Temer, que já tem baixíssima aprovação popular, dificilmente terá condições de prosseguir com seu programa de reformas. Se ele estiver disposto a honrar sua palavra, terá que afastar todos os ministros que vierem a ser denunciados pela procuradoria-geral da República.
Portanto, o cenário que se abre para o País é o de um governo paralisado por denúncias e incapaz de coordenar uma agenda legislativa mínima. Para o Brasil, que já perdeu 6 milhões de empregos desde o início da crise política e viu sua economia encolher praticamente 10% nesse período, será um suplício gigantesco permitir que essa situação perdure por praticamente mais 18 meses, até as próximas eleições presidenciais.
O que se espera da classe política, neste momento, é um mínimo de grandeza para ique a destruição do Brasil não seja completa. A única saída legítima é o reencontro do País com a democracia, com eleições gerais para todos os cargos. Em paralelo, uma reforma política, que impeça o sequestro da agenda pública por interesses privados, cujo melhor exemplo é o modelo Odebrecht. Se nada for feito, o território estará livre para aventureiros ou até mesmo para projetos autoritários.