O atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro Filho, que foi ministro e líder do governo do ex-presidente Lula, afirmou nesta quarta (15) que jamais soube do uso de recursos ilícitos para a manutenção ou ampliação da base do governo no Congresso. ”Em hipótese nenhuma; isso nunca aconteceu”, declarou o ex-congressista do PTB. Ele depôs como testemunha de defesa de Lula -na última audiência do processo a que o ex-presidente responde na Justiça Federal do Paraná, acusado de receber propina na compra e reforma de um tríplex no Guarujá (SP). Lula foi apontado pelo Ministério Público Federal como ”o comandante máximo” do esquema de corrupção na Petrobras, e como artífice de uma ”propinocracia” para garantir a governabilidade. Monteiro afirmou que a base de Lula ”aumentava gradativamente” em função de sua elevada aprovação popular, e que seu trabalho como líder do governo era bastante semelhante ao que ocorria em outras gestões -ele também foi filiado ao PFL e PSDB. O pernambucano, que ocupou o cargo de ministro das Relações Institucionais do governo Lula, foi indicado pelo ex-presidente para o TCU, em 2009. Para a defesa de Lula, o depoimento de Múcio e de outras testemunhas torna ”absolutamente improcedente a fantasia da propinocracia que turbinou o PowerPoint” do Ministério Público Federal. Além de Monteiro, também depuseram nesta quarta o ex-ministro Walfrido Mares Guia e o ex-diretor-geral da Polícia Federal Paulo Lacerda -ambos ocuparam os postos na gestão de Lula. ”Uma das condições que eu apresentei foi que a Polícia Federal tivesse independência em seu trabalho, e assim foi feito”, declarou Lacerda, para quem a PF passou por uma “reestruturação” durante o mandato de Lula. Ele destacou o aumento do efetivo, a compra de equipamentos modernos e o início de grandes operações com contingente espalhado pelo país. ”Os fatos apontam uma manifesta incompatibilidade entre o presidente que investe e amplia o combate à corrupção no país e o chefe de uma organização criminosa que o Ministério Público levianamente acusa ser Lula”, afirmou o advogado Cristiano Zanin Martins. A partir de agora, a ação entra em fase final. Os réus serão interrogados entre o final de abril e o início de maio, e, na sequência, serão abertos os prazos para alegações finais -última fase antes da sentença.