Um dos casos mais assustadores de homofobia e crueldade dos últimos tempos pode ter uma reviravolta. A mãe que tinha confessado ter matado o filho gay a facadas no interior de São Paulo, segundo a polícia, mudou a versão do crime em novo depoimento prestado na noite desta quinta-feira (12). As informações são do jornal Folha de S. Paulo. Segundo a publicação, Tatiana Ferreira Lozano Pereira, 32, que está presa pela morte do filho Itaberly Lozano Rosa, 17, disse em mais recente depoimento que não foi a autora das facadas que matou o filho. Em depoimento anterior, ela havia admitido que teria sido a autora do crime. Nesse novo depoimento, de acordo com o jornal, ela responsabilizou outras três pessoas –dois rapazes e uma adolescente– pelo assassinado do filho a golpes de faca em 29 de dezembro, em Cravinhos (a 292 km de São Paulo). Tatiana disse que os três chegaram à noite em sua casa no dia 29 de dezembro e perguntaram se Itaberly estava lhe ”dando muito trabalho” e se precisava de um ”corretivo”. Ela disse que sim, segundo o depoimento, dizendo-lhes que não deixassem o filho machucado. O trio, segundo ela, esperou Itaberly chegar em casa e entrou no quarto da vítima vestindo capuzes. A mãe disse que saiu de casa neste momento, mas que ouviu o pedido de ajuda do filho. ”Mãe, vou morrer”, gritou o jovem, segundo o novo depoimento da mulher à polícia. Ela afirmou que, 20 minutos depois, voltou para casa e achou o filho morto. Nesse ponto a nova versão dela torna-se mais inacreditável. Ainda segundo a Folha de S. Paulo, quando viu o filho morto ela teve a ideia de ocultar o corpo. Então, acordou o marido, padrasto de Itaberly, Alex Pereira, de 30 anos, que a ajudou a enrolar o cadáver em um edredom, jogar em um canavial e atear fogo, para sumir com as impressões. O padrasto dele também está preso. Apesar da mudança de versão, Tatiana e Alex seguem presos.
Homofobia
Segundo a investigação da polícia a mãe do jovem e o padrasto dele foram presos suspeitos de terem executado do rapaz, pois não aceitavam o fato dele ser gay. ”A mãe dele não aceitava e a gente já desconfiava, porque ela não quis prestar queixa. Acho que a mãe tem que cuidar do filho e não fazer o que ela fez. Ele era um rapaz que trabalhava, era educado, era um menino, mas estava na fase de trabalhador”, disse Dario Rosa, tio paterno de Itaberlly, em entrevista ao portal G1.
Preconceito em família
O adolescente Itaberly Lozano Rosa, de 17 anos, que foi morto a facadas, relatou em um boletim de ocorrência, que era constantemente chamado de ”veado desgraçado” por um tio materno de 33 anos. De acordo com o boletim, que foi registrado em março de 2015, o jovem relatou que sofria diversas ameaças violentas do homem, inclusive de agressões física. No relato, ele contou que o tio o ameaçou atacar com faca por ser homossexual. Ele se dizia privado de sair de casa, por toda vez que encontrava o tio ser ameaçado.