Após o término da rebelião trágica em um presídio de Manaus, que terminou com 56 pesos, um fato chamou bastante atenção, em especial do Judiciário. Isso porque o Blog do Fausto Macedo, do jornal Estadão, veiculou uma matéria que indicava a ”ligação” do magistrado Luís Carlos Valois, que participou das negociações pelo fim da rebelião, com a facção ”Família do Norte” (FDN), responsável pelas mortes. Agora, o magistrado – que foi ouvido por 20 minutos e revela que não teve uma frase sequer publicada – estaria sofrendo ameaças da facção rival, o PCC (Primeiro Comando da Capital). Em seu Facebook, o juiz, que esteve no final de 2016 em um seminário na capital Baiana, denominou a ação do Estadão como ”covardia”: ”sobre a covardia do Estadão. Ontem, depois de passar doze horas na rebelião mais sangrenta da história do Brasil, um repórter, dito correspondente desse jornal me liga. Eu digo que estou cansado, sem dormir a noite toda, mas paro para atendê-lo por vinte minutos. Algumas horas depois sai a matéria: ‘Juiz chamado para negociar rebelião é suspeito de ligação com facção no Amazonas’. O Estadão é grande, eu sou pequeno, um simples funcionário público do norte do país. Eles não publicaram nada do que falei, nem, primeiramente, o fato de que eu não era o único a negociar a rebelião. Desenterraram uma investigação contra mim da Polícia Federal em que esta escuta advogados falando o meu nome para presos, sem qualquer prova de conduta minha. Detalhe, todos os presos das escutas estão presos, nunca soltei ninguém”. A notícia requenta, de acordo com o site Justificando (da Carta Capital), uma acusação sofrida pelo magistrado em junho do último ano, quando ele foi alvo da operação “La Muralla”, que investigou a influência da facção FDN. Valois foi citado em uma conversa entre cliente e advogado sobre de um suposto afastamento dele da Vara de Execuções Penais de Manaus, cuja principal delegação é analisar os pedidos de progressão de pena, saídas temporárias e demais questões de encarcerados e encarceradas. Na ligação, o preso faz um apelo para que Valois fosse mantido, pois, caso contrário, a vida deles ficaria muito mais difícil. Ao requentar a notícia, os jornalistas ligaram para o magistrado, o qual disse que a ligação não trazia qualquer prova de conduta dele; que só foi ao presídio por um pedido pessoal do Secretário de Segurança Pública, mas por conta da matéria estava agora sob ameaças do PCC. Em seu texto, o magistrado concluiu: ”Mas insinuaram que isso tinha algo a ver com o fato de eu ter ido falar com os presos na rebelião, que sequer eram os mesmos da escuta. Fui porque tinha reféns. Estamos no recesso, eu não estou no plantão, fui porque havia reféns, dez reféns, mas isso eles não falaram também. Fui chamado pelo próprio Secretario de Segurança do Amazonas que, não por coincidência, é um dos delegados da Polícia Federal mais respeitados do Estado. Ele, o delegado, veio me buscar em casa, me cedeu um colete a prova de balas, e fomos para a penitenciária. O secretário de administração penitenciária, egresso igualmente da PF também estava lá aguardando. Tudo que fiz, negociei e ajudei a salvar dez funcionários do Estado, reféns dos presos, fiz sob orientação dos policiais. Tudo isso falei para o tal Estadão, mas foi indiferente para eles. Agora recebo ameaças de morte da suposta outra facção, por causa da matéria covardemente escrita, sem sequer citar o que falei. Covardes. Estadão covarde, para quem não basta ”bandido morto”, juiz morto também é indiferente”.