Por apartamento de R$ 2,6 milhões, Geddel Vieira brigou com banqueiro e vereadores

Geddel é denunciado por Calero. Foto: Naiara Pontes
Geddel Vieira é denunciado por Calero. Foto: Naiara Pontes
O ministro da secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, brigou publicamente com um banqueiro e com vereadores em favor do empreendimento imobiliário La Vue, erguido na Ladeira da Barra, em Salvador. O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que pediu demissão nesta sexta-feira (18), alegou em entrevista à Folha ter sido pressionado por Geddel a acionar o Iphan a liberar o empreendimento. Com apartamentos avaliados em R$ 2,6 milhões e vista para a Baía de Todos-os-Santos, o La Vue está sendo erguido ao lado de sítios históricos ou tombados como Cemitério dos Ingleses, o Forte de São Diogo e a Igreja de Santo Antônio da Barra. Concebido para ser um prédio de 35 andares e 107 mestros de altura, o edifício destoaria dos demais edifícios da região, que têm no máximo dez andares por restrições de gabarito. Em post publicado no Twitter em 10 de julho de 2015, Geddel acusou os vereadores de Salvador de estarem sendo assediados pelo banqueiro Marcos Marianni para serem contra o empreendimento. ”O banqueiro Marcos Marianni, ta assediando vereadores, pois ele se acha o dono da Lad da Barra”, disse Geddel na ocasião.  A família Marianni é uma das controladoras do banco BBM e possui uma mansão – considerada uma das maiores casas de Salvador – vizinha ao empreendimento.  A declaração de Geddel gerou constrangimento entre os vereadores, que ameaçaram processar o peemedebista e convocá-lo para prestar esclarecimentos na Câmara Municipal. Geddel respondeu novamente pelas redes sociais, afirmando que seu foco não era os vereadores, mas o “banqueiro que, para preservar seus privilégios, tenta por em risco empregos em Salvador”. Os vereadores não levaram à frente a ideia do processo. Erguido pela Cosbat Empreendimento em parceria com a Viva Ambiental e Serviços, empreendimento La Vue gerou polêmica desde o início da sua construção na capital baiana. O prédio obteve parecer contrário ao Escritório Técnico de Licenciamento e Fiscalização, composto por técnicos Iphan, do Ipac (do Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia) e da Secretaria Municipal de Urbanismo. Mesmo assim a obra teve o aval da prefeitura, comandada por um aliado de Geddel, o prefeito ACM Neto (DEM), com base em um parecer individual do então coordenador-técnico do Iphan, Bruno Tavares. ”É um emprendimento escandaloso que vem sendo feito à revelia da legislação”, afirma à Folha o vereador Gilmar Santiago (PT), um dos que se opôs ao projeto. O Instituto dos Arquitetos do Brasil acionou a Justiça por meio de uma ação civil pública e pediu a revisão do parecer que autorizou à obra. No último fim de semana, a Procuradoria Geral da República pediu a paralisação das obras do empreendimento até que ele fosse readequado aos padrões construtivos da região, alegando falta de adequado estudo prévio de impacto de vizinhança para a obra.