Prisão de Mantega foi ”absolutamente desnecessária”, diz advogado do ex-ministro

Guido Mantega é solto. Foto: André Corrêa
Ex-ministro Guido Mantega é sliberado. Foto: André Corrêa
O advogado José Roberto Batochio, que defende o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, preso nesta quinta-feira (22) na Operação Arquivo X, disse que a prisão – efetuada pela Polícia Federal – foi ”absolutamente desnecessária”. A prisão foi revogada no final da manhã pelo juiz Sergio Moro. ”As liberdades públicas e individuais estão sequestradas no Brasil e o cativeiro delas é no estado do Paraná, em Curitiba”, disse Batochio. Ele falou à imprensa, que aguarda a saída de Mantega, do lado de fora da sede da Polícia Federal, na capital paulista, onde o ex-ministro chegou às 9h30. Um pequeno grupo de manifestantes que apoia a prisão de Mantega se formou no local. Mantega foi preso no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, no início da manhã. Ele acompanhava a esposa, que tem câncer e estava sendo anestesiada para passar por uma cirurgia. Segundo o advogado, os policiais estiveram às 6h no apartamento de Mantega, em Pinheiros, zona oeste, mas encontraram apenas o filho adolescente e a empregada doméstica. Ao ser informado sobre a chegada dos policiais, o advogado orientou, por telefone, que Mantega deixasse o Centro Cirúrgico e descesse ao saguão. ”Eu disse: é melhor sair daí, senão vai gerar um tumulto”, contou Batochio. O ex-ministro recebeu voz de prisão quando já estava no saguão. Em nota, a Polícia Federal informa que agiu com discrição, inclusive com viatura descaracterizada. ”Tanto no local da busca como no hospital, todo o procedimento foi realizado de forma discreta, sem qualquer ocorrência e com integral colaboração do investigado”. Na casa e no escritório do acusado, foram apreendidos celulares e notebooks. A prisão temporária terá duração de cinco dias e tem por finalidade colher depoimentos e preservar as provas. O advogado de Mantega negou as acusações do empresário Eike Batista de que Guido Mantega, que à época era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, teria pedido R$ 5 milhões para o Partido dos Trabalhadores (PT), para pagamento de uma dívida de campanha de 2010. ”Ele propôs uma delação contra alguém de visibilidade, que fosse importante, para que o delatado fosse preso e não ele”, disse o advogado. “Segundo a acusação, o ministro teria solicitado a ele [Eike] que colaborasse pagando uma dívida de campanha de 2010, isso em 1º de novembro de 2012, fora do calendário eleitoral”, disse Batochio. O advogado admite que Mantega possa ter se reunido em algum momento com o empresário Eike Batista. ”O ministro tem, por obrigação, uma agenda pública, em permanente contato e diálogo com toda a cadeia produtiva brasileira, no sentido de discutir políticas públicas em todos os setores. O ministro da Fazenda é obrigado a conversar com todos os empresários, mas jamais tratou de doação de qualquer valor”, reiterou.