Ex-vereador, presidente da Câmara e prefeito da maior cidade do Vale do Jiquiriçá, Jaguaquara, o político Ademir Moreira, aproveitou o troca-troca de partidos, dentro da chamada janela de transferência partidária e trocou o PMDB pelo PSDC, com vistas à sucessão municipal 2016. Nesta segunda-feira (21/3), Ademir confirmou seu ingresso no PSDC – Partido Social Democrata Cristão, legenda partidária que já teve candidatura própria em Jaguaquara, nas últimas eleições municipais, em 2012, quando a então candidata Sara Helen ficou em terceiro lugar pelo PSDC na disputa sucessória. Amigo – pessoal do vice-governador e cacique do PP, João Leão, de quem é assessor – político, o ex-prefeito Ademir, que sonha em voltar a Prefeitura de Jaguaquara, apesar de ter laços estreitos com Leão não terá o aval do padrinho político para ser o candidato do Partido Progressista, mas segundo Moreira, foi com anuência de João Leão o seu ingresso no PSDC. O fato é que, Leão, presidente estadual do Partido Progressista, deu garantia de apoio do PP baiano a futura candidatura de reeleição do atual prefeito, Giuliano Martinelli, que sucedeu Ademir em 2012, com apoio maciço, na ocasião, do então prefeito Ademir e deu seu grupo político. Mas, como nem tudo são flores, e nem todos os dias têm sol, o casamento do prefeito com o ex chegou ao fim em 2013, quando a Câmara Municipal manteve decisão do Tribunal de Contas dos Municípios-TCM sobre rejeição das contas da gestão pública municipal anterior, de responsabilidade de Ademir, tornando o ex-mandatário inelegível, pela Lei da Ficha Limpa. Moreira revelou sentimento de traição ao ter suas contas reprovadas pelo Legislativo, com votos, inclusive, de vereadores aliados de Giuliano na Câmara. Ademir passou acusar Martinelli de não ter se empenhado junto à base governista para impedir a derrubada das contas e declarou ruptura política com Giuliano, hoje seu adversário. Nesta segunda-feira, ao anunciar sua filiação ao novo partido, durante entrevista ao repórter Sílvio Senna – Rádio Povo AM, Ademir chegou a dizer que se sentiu apunhalado pelas costas ao referir-se a reprovação das contas por parte de parlamentares aliados do prefeito. ”Tive as contas rejeitadas por índice de pessoal, porque dei emprego ao povo e o que ele [Giuliano] poderia fazer por mim, que eu pedir e que ele não fez era que aprovasse as minhas contas. Hoje eu poderia, tranquilamente, ser um deputado estadual. E esse era o nosso projeto, eu ir para deputado estadual e Giuliano ir para a reeleição e a responsabilidade ser divida entre eu e ele, porque eu não seria um deputado de um partido, seria um deputado de Jaguaquara”, lamenta o ex-gestor, que teria revelado pretensão de candidatar-se a deputado em 2014, mas a inegibilidade, com a decisão dos vereadores, segundo o ex-mandatário, lhe impediu da disputa. Indagado sobre sua relação com Martinelli, Ademir admite que, na condição de amigo, não está estremecida, mas alfineta ao afirmar que se sentiu apunhalado. ”Em relação a amizade não abalou nada. Eu tenho Giuliano como meu amigo, mas não vamos marchar junto. Eu disse a Leão, disse a Cacá e disse a ele que não tenho motivo nenhum para subir num palanque junto com o atual prefeito, porque eu acho que fui apunhalado pelas costas a partir do momento em que minhas contas foram reprovadas. Se eu tivesse minhas contas aprovadas, seria um deputado de Jaguaquara, que com mais 50 mil habitantes, nunca teve um deputado”, bradou. Inelegível ou não, o ”Furacão do Vale”, como é classificado pelos seus correligionários sustenta a tese de que aguarda decisão da Justiça para decidir pela pré-candidatura e enfrentar os adversários, inclusive Giuliano, mesmo a contra-gosto do vice-governador, padrinho político do grupo vencedor da sucessão de 2012. ”Vou ser candidato a prefeito de Jaguaquara, porque tenho informação da minha assessoria jurídica de que não tenho o porque de não sair candidato. Eu tenho certeza que vou sair e vou sair sim, mas se por um acaso eu não conseguir, vou pedir desculpas ao povo e, infelizmente, pela primeira vez, eu vou ficar de fora do projeto político de Jaguaquara”, sentenciou Moreira, que além de acreditar em sua pré-candidatura, disse ainda que Leão terá que dividir seu tempo para subir em dois palanques, mas não abrirá – mão da sucessão. ”Ele vai ter que subir nos dois palanques. Eu faço um comício sexta, e Giuliano faz no sábado, mas infelizmente, vai ter que ser assim, pra lá, infelizmente eu não vou”, garantiu.