O Globo Repórter da última sexta-feira (16) celebrou os 150 anos da imigração italiana no Brasil. O programa mostrou o legado deixado em terras brasileiras pelos italianos que decidiram recomeçar a vida aqui.
Veja no vídeo abaixo.
A Itália foi o único país entre os industrializados que promoveu uma emigração em massa, na segunda metade do século 19. Cerca de 11 milhões de pessoas deixaram o solo italiano ao longo de décadas.
Os italianos vieram ao Brasil para trabalhar, substituindo nas fazendas de café a mão de obra escravizada. Trouxeram na bagagem um novo jeito de cultivar a terra e se espalharam também pelo nordeste e sul do Brasil.
A emigração italiana para as Américas não teria se tornado um fenômeno de massa sem a propaganda cruel e, muitas vezes, descaradamente mentirosa. Frei Arlindo é neto de um italiano que chegou ao Rio Grande do Sul saindo de Gênova e também foi enganado pela propaganda de riqueza, que só beneficiava os donos de navios.
”Sem dúvida porque era algo que lhe dava esperança. Porque lá na época não tinha industrialização, não tinham começado ainda, a ir para a cidade trabalhar. Eram agricultores que trabalhavam para a sobrevivência”, conta Frei. A professora da FAUUSP dá uma aula para os alunos de arquitetura, fazendo um tour pela capital paulista e identificando as obras onde tem o trabalho de italianos. Aliás, mesma origem da professora.
”E lembre-se que São Paulo, em 1920, que está no auge, tinha em torno de 600 mil habitantes, 400 mil eram italianos”, conta Beatriz.
Moradora de Jaguaquara nasceu no navio a caminho do Brasil
Com a esperança de alcançar dias melhores, os italianos foram vencendo através de muito trabalho, mas a aventura para o desconhecido através do oceano foi o maior de todos os obstáculos. Havia os que nasciam dentro dos navios a caminho do Brasil, essa é a história de Dona Itália.
”Eu nasci entre Itália e Espanha, vindo da Itália, com dois dias de viagem eu nasci, e aí minha mãe veio grávida de mim depois de dois dias de viagem, aí ela deu a luz a duas meninas. O pessoal de lá, todo mundo ia visitar. Ganhei ouro, minha mãe chegou cheia de dinheiro”, relembra.
O navio ‘Biancamano’ onde nasceu, primeiro berço e terra natal flutuante, levou o nome do restaurante da Dona Itália, na Bahia, para onde foram quase 500 que fundaram quatro colônias, uma delas em Jaguaquara.
O professor Giuseppe Benedini destaca que a agricultura não teria sido a mesma sem os italianos. As técnicas de plantio trouxeram uma nova mentalidade agrícola. ”A ideia da empresa familiar. A ideia de uma associação para vender seus próprios produtos. Isso é decisivo, então não só cultivador mais também empreendedor, introduziram novas espécies, couve, o tomate”, explica o professor, Giuseppe Benedini.
José Sardo é um descendente de italianos em busca informação sobre os antepassados. Os ancestrais dele estavam entre os italianos que vieram em um navio que chegou a Florianópolis em 1836. Ele e mais uma centena de imigrantes fundaram a colônia nova Itália, nas margens do rio das Tijucas Grandes, em Santa Catarina.
Quase 200 anos depois, José Sardo e a filha Rosana ainda buscam pistas da história de suas próprias vidas. Os registros do navio se perderam. Mas José Sardo não desiste de procurar. O sonho deles é conhecer os parentes italianos. ”É abraçar aquelas pessoas e dizer assim: já que não puderam nunca se encontrar no passado. E quanto que eles choraram de saudade, quanto de tristeza passaram, deixar a terra natal, deixar parente, deixar pai, mãe e saber que era uma despedida pra sempre. Hoje a gente poder se encontrar e se familiarizar de novo”.
Na tentativa de ajudar José Sardo a encontrar algum descente da família, o Globo Repórter foi até a cidade de Parodi, na Ligúria. Mas eles também saíram dali e não há nenhum registro dos Sardo nos dias atuais. Apesar disso, são feitas imagens de algumas casas antigas, que podem ser semelhantes às que existiam no tempo dos antepassados de José, que ficou emocionado ao ver os registros. As informações foram extraídas do G1
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