Além da microcefalia, que tem relação comprovada com o Zika, um estudo recente da Fiocruz constatou que 39,2% das grávidas infectadas com o vírus tiveram bebês com alterações neurológicas e 7,2% das gestações não chegaram ao fim, totalizando 46,4% de desfechos adversos. O artigo com o resultado da pesquisa foi publicado esta semana no The New England Journal of Medicine. O estudo foi feito com 345 gestantes que apresentaram manchas vermelhas, sendo que 182 delas (53%) tiveram positivo para Zika. Desse total, 125 fizeram parte do estudo, das quais116 tiveram os filhos nascidos vivos, sendo que uma gravidez foi de gêmeos. Portanto participaram do estudo 117 bebês nascidos entre janeiro e julho de 2016. A chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Patrícia Brasil, uma das autoras do estudo, explica que dos 117 bebês expostos ao Zika, 49 (42%) tiveram algum tipo de alteração comprovada em exame clínico ou radiológico de imagem do cérebro. ”Isso significa que a microcefalia seria apenas uma ponta do iceberg. Nenhuma alteração é mais grave que a microcefalia, mas a gravidade [nesse caso] é que a gente não sabe como essas crianças com essas alterações vão evoluir”, disse. O estudo começou em setembro de 2015 e em março deste ano foi publicado um trabalho mostrando as alterações que apareceram nos fetos. ”Agora nós publicamos os resultados depois que o bebê nasceu. Porque você via no ultrassom e não sabia se era aquilo mesmo ou não. Agora, quando os bebês nasceram, a gente pôde reavaliar os achados e, para nossa surpresa, a proporção de bebês acometidos foi maior do que no ultrassom”, disse Patrícia. Leia mais