Em delação premiada, Carlos Alexandre de Souza Rocha, um dos entregadores de valores a mando de Alberto Youssef, narrou conversas em que o doleiro se referia ao ex-ministro das Cidades Mário Negromonte como o ”mais achacador” dentre os políticos que recebiam dinheiro. O delator afirmou que a saída de Negromonte da chefia do Ministério, em 2012, estava ligada ao fato de que o político do PP ”roubava” dinheiro para ele mesmo e não para o partido, segundo conversas que teve com Youssef. Negromonte, que foi deputado federal pelo PP, deixou o Ministério das Cidades em fevereiro de 2011, após desgaste causado por sucessivas denúncias de irregularidades na pasta. O PP foi o responsável pela indicação de Aguinaldo Ribeiro, sucessor de Negromonte na época. Atualmente, Negromonte é ministro do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia. Carlos Rocha, conhecido como Ceará, prestou os depoimentos aos investigadores da Lava Jato entre fim de junho e início de julho de 2014 na Procuradoria-Geral da República (PGR). As declarações, homologadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foram mantidas sob sigilo na Corte até dezembro. O delator disse à PGR ter entregue dinheiro em apartamento funcional em Brasília, quando estavam no local deputados federais, entre eles Negromonte. Cerca de quatro entregas nesse apartamento foram feitas no ano de 2010, com transporte de R$ 300 mil. Ceará levava o dinheiro preso em filmes plásticos no próprio corpo, e, para escondê-lo, usava meias de futebol e calças folgadas. Quando chegava ao apartamento ia até o banheiro tirar o dinheiro preso no corpo e entregava aos parlamentares, que o aguardavam na sala. Na delação, Ceará revelou ainda que o ex-ministro tinha um celular “ponto a ponto” usado para falar com Youssef. “Que Alberto Youssef comentava com o declarante que Mário Negromonte, entre os políticos, era ‘o mais achacador’; Que Alberto Youssef inclusive disse que Mário Negromonte perdeu o cargo de Ministro das Cidades, em 2012, porque não estava ‘fazendo caixa’ para o Partido Progressista, uma vez que estaria ”roubando apenas para ele próprio”, consta no depoimento de Ceará. Leia na íntegra