Prefeita e ex-gestor se dividem entre ajuda de Rui e apoio a ACM e município amarga problemas

Giuliano e Edione na rampa de acesso à Prefeitura. Foto:Reprodução

Um fato político curioso acontece no Município de Jaguaquara, o mais populoso do Vale de Jiquiriçá. A prefeita Edione Agostinone (PP) é afilhada política do ex-prefeito Giuliano Martinelli (PP), que rompeu politicamente com o grupo liderado pelo presidente da UPB e prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), e assumiu ser apoiador da pré-candidatura de ACM Neto (DEM) ao Palácio de Ondina, o que o torna, portanto, distante tanto de Cocá quanto do governador Rui Costa (PT) e das benesses do Estado. Só que, a prefeita, mesmo com um pássaro pousado nas costas, tem ido com a cuia nas mãos até Cocá e ao governador em busca de suporte, principalmente depois das fortes chuvas que pioraram o estado já considerado crítico das vias públicas da cidade, algumas interditadas. O temporal registrado na manhã de sexta-feira (3), por exemplo, deixou até famílias desabrigadas.

Giuliano, rompido com Zé, já declarou em programa de rádio que não sairá candidato a deputado estadual, como pretendia, ao mesmo tempo em que afirmou seguir firme no comando da pré-candidatura de Neto na região, fazendo pontuações e comentários que atingem o equilíbrio entre Edione, Zé, Rui e até João Leão, que era chamado por Martinelli de meu governador. Na quinta-feira (2), enquanto Edione e o vice-prefeito Nei Cabeludo (PDT) marcavam presença na visita de Rui em Apuarema, no Médio Rio de Contas, Giuliano aparecia com vereadores da base governista na Câmara, Julival do Breguesso (PCdoB), Tia Nalva (PP) e Nei (PP), filho do vice, num evento de ACM em Salvador.

A crise política que estremeceu o governo de Edione, com exoneração de três secretários: Educação, Infraestrutura e Cultura em apenas onze meses de gestão atingiu seriamente a população, que vem sofrendo gravemente com problemas estruturais e administrativos, deixando a Saúde, a Infraestrutura, a Educação e própria economia do Município no leito de morte, com atrasos nos salários dos servidores que haviam sido contratados pela máquina pública, afogada em dívidas previdenciárias herdadas de gestões anteriores, conforme as declarações da própria gestão atual.

E o imbróglio provocado pelo ex-prefeito acaba tornando-se a cereja de um bolo amargo que a prefeita se vê obrigada a degustar, sem poder dizer nada. Martinelli é irmão do seu genro, foi o precursor da sua candidatura que terminou vitoriosa, em 2020, com apenas 58 votos de diferença para o segundo colocado nas urnas, Raimundo do Caldo (PSD) e, apesar da aparente relação azeda com a prefeita, explicitada em uma recente entrevista a rádio comunitária Jaguar FM, Giuliano goza de influência na administração, com a manutenção de cargos importantes no alto escalão, inclusive o da sua esposa, a ex-primeira-dama Geisa Martinelli, que responde pela Secretaria de Desenvolvimento Social.