Governo Bolsonaro indica José Mauro Ferreira para presidir Petrobras; foi servidor público por 14 anos

José Mauro Ferreira Coelho é indicado a Petrobras. Foto: Reprodução

O Ministério das Minas e Energia apresentou nesta quarta (6) os nomes de José Mauro Ferreira Coelho para presidir a Petrobras e de Marcio Andrade Weber para comandar o Conselho de Administração da estatal.

Coelho é presidente do conselho de administração da PPSA e estava cumprindo quarentena, após ter pedido demissão, em outubro do ano passado, do cargo de secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia. Ele foi servidor público por 14 anos.

Weber é diretor da empresa Petroserv e trabalhou por 16 anos na Petrobras. Teve passagem por outras empresas e presta assessoria ao grupo PMI. É engenheiro civil pela UFRGS, com especialização em engenharia de petróleo pela Petrobras. Ele integra o atual conselho de administração da estatal.

A escolha do sucessor de Joaquim Silva e Luna na Petrobras foi marcada por indefinições e desencontros. O primeiro nome indicado pelo governo foi o do empresário Adriano Pires, sócio fundador do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), que acabou desistindo antes mesmo de assumir.

Em carta ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, Pires alegou que não conseguiria se desligar de sua consultoria “em tão pouco tempo” para assumir o comando da Petrobras. A assessores palacianos, porém, o empresário alegou potencial conflito de interesses para justificar sua desistência.

Um dos principais entraves para a nomeação foi o fato de Pires querer transferir as cotas do CBIE para seu filho, hoje sócio e diretor da empresa. O problema é que, para cumprir as exigências da Lei das Estatais, o parente também teria de abrir mão da empresa —o que ele não quis.

Além do empresário, houve ainda a desistência de Rodolfo Landim, antes indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para presidir o conselho de administração da estatal.

Se fosse aprovado, ele substituiria o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, que pediu para deixar o cargo alegando razões pessoais. Ao declinar do convite, Landim alegou dificuldade em conciliar a posição com seu cargo de presidente do Flamengo.

Apesar de o mercado financeiro ter inicialmente comemorado as duas indicações do governo, Landim e Pires formariam na Petrobras uma dupla considerada constrangedora na visão de especialistas, pois ambos são próximos ao empresário baiano Carlos Suarez, que tem fortes interesses no setor de gás.

A percepção no setor empresarial, após o anúncio da dobradinha, é que estava em curso uma engenharia política no governo e no Congresso para dar espaço aos interesses de Suarez na Petrobras. O empresário baiano também é próximo de muitos políticos, especialmente do centrão, entre eles o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Com as desistências de Pires e Landim, o governo passou a sondar outros nomes de mercado para o posto, mas esbarrou em muitos obstáculos. Além do risco político de uma interferência na política de preços da companhia, pesou a perspectiva de uma gestão curta diante do fim do atual mandato de Bolsonaro.

No vaivém de convites, sondagens e especulações, o Palácio do Planalto recebeu a negativa do ex-presidente da ANP (Agência Nacional de Petróleo) Décio Oddone, sondado para a presidência da estatal.

Em outra frente, a opção por Caio Mário Paes de Andrade, auxiliar do ministro Paulo Guedes (Economia) chegou a ser colocada na mesa, mas enfrentou um veto de peso, o de Lira.

Sem novos candidatos para a presidência e o conselho de administração da Petrobras, o governo chegou a cogitar o adiamento da votação da nova composição, marcada para a quarta-feira da semana que vem (13), mas isso acabou sendo descartado pelo ministro de Minas e Energia.

Folhapress