Disse que ia esperar a polícia esquecer, diz delegado sobre suspeito de matar ex-assessor de Marcelo Nilo

Gabriel parecia calmo durante apresentação. Foto: Jornal Correio

De cabeça baixa e com as mãos sobre as pernas, Gabriel Bispo dos Santos, 24 anos, parecia calmo durante a apresentação na sede da Polícia Civil, na Piedade, em Salvador, nesta sexta-feira (23). Mas a atitude mudou quando os repórteres começaram a fazer perguntas. As respostas foram bem ríspidas em um seco: ”Nada a declarar”. Segundo a polícia, Gabriel assumiu o crime durante o interrogatório de quinta-feira (22), mas não deu detalhes. Segundo o delegado do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP) responsável pela investigação do caso, Delmar Bittencourt, o preso contou em depoimento que estava no momento em que Michel Batista de Sá, 35 anos, foi baleado, mas que não foi ele quem atirou. ”Ele também nega que tenha torturado a vítima e disse que não sabe quem teria feito isso. Sabemos que o crime teve a participação de outras pessoas e estamos investigando. Nossa suspeita é de que o Michel se recusou a entregar o carro e, por isso, teria sido assassinado, mas estamos apurando”, afirmou o delegado. Depois de matar a vítima, Gabriel fugiu para Barra do Jacuípe, no Litoral Norte da Bahia, e no dia 20 de agosto correu para Macaé, no estado do Rio de Janeiro, onde tem familiares. Depois foi para Guarulhos, em São Paulo, onde ficou por 15 dias em um apart-hotel. A polícia tem imagens do circuito interno de segurança do estabelecimento que mostram o momento em que Gabriel deixa o local com várias malas, no dia 30 de outubro. Segundo o diretor do DCCP, Élvio Brandão, Gabriel já aplicou outros golpes similares e estava vivendo em Santa Catarina com o dinheiro que acumulou com essas atividades. O diretor contou que ele tomava alguns cuidados para não ser encontrado pela polícia. ”Ele contou que não usava o chip do celular por mais de uma vez, sempre que fazia uma ligação jogava o chip fora. Ele disse que empresta dinheiro a juros e que não usava a conta corrente dele para receber os valores. Tudo isso para não ser rastreado. Ele disse que ia continuar trocando de cidade por 1 ano e meio até a polícia esquecer do crime”, afirmou.

Gabriel estava em uma pensão no município de Pomerode quando foi preso. Segundo a polícia, o suspeito se preparava para trocar novamente de cidade quando foi surpreendido pelos investigadores em uma ação conjunta entre as Polícias Civis dos dois estados. ”Ele tentou fugir pelo telhado, mas foi capturado, e contou que pretendia adotar destinos aleatórios, onde não tivesse familiares nem amigos para evitar ser localizado”, contou o delegado Bittencourt. Os investigadores contaram que Gabriel não demonstra arrependimento e que está mais preocupado com o tempo que vai passar na cadeia e com o dinheiro que ele transferiu durante o golpe aplicado em Michel. No dia do crime, o golpista apresentou para a vítima um comprovante de transferência de R$ 59,5 mil que seria para a compra do carro que Michel estava vendendo, mas esse montante nunca foi encaminhado para a vítima. O comprovante era falso. A polícia acredita que Gabriel realmente transferiu esse valor, mas para um dos comparsas e que, agora, está preocupado em perder o dinheiro. *Correio