Citação do nome de ACM nas delações da Odebrecht impede que oposição ataque Wagner

Wagner, ACM e a lógica do telhado de vidro. Foto: João Ramos

O governador Rui Costa ”ainda” não é investigado em ações derivativas da Operação Cartão Vermelho. O grifo no ”ainda” é de uma fala de um membro da Polícia Federal, em meio à coletiva de imprensa que apresentou o resultado dos mandados de busca e apreensão na última segunda-feira (26). De acordo com a PF, os recursos desviados da parceria público-privada (PPP) entre Fonte Nova Participações (FNP) e o governo da Bahia teriam abastecido campanhas eleitorais petistas em 2014 o que, traduzindo, tornaria o governador beneficiário indireto dos R$ 82 milhões investigados. Em outros tempos, a oposição faria muito barulho diante da possibilidade de ter Rui entre os investigados numa operação da PF. Porém não foi o que se viu. O máximo de crítica pública foi uma sugestão de que o grupo iria requerer a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com fins de acompanhar em paralelo as ações da PF. É a lógica do telhado de vidro. Assim como Jaques Wagner foi colocado no olho do furacão – e obviamente negou qualquer irregularidade com o caso -, adversários de Rui também apareceram em condições similares na lista de políticos citados nas delações do Grupo Odebrecht, a exemplo do prefeito de Salvador, ACM Neto. Não se espera que todos sejam colocados numa vala comum ou jogados aos leões. Wagner agora é indiciado pela PF. Nada impede que, no futuro, escândalos semelhantes estourem entre os membros da oposição. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém, já diziam os antigos. Ou seja, não adiantar fazer estardalhaço no telhado alheio quando é possível ser atingido por uma pedra parecida. Que o diga a dupla Geddel e Lúcio Vieira Lima, por vezes conhecidos como canhões a favor da moralidade e atualmente subjugados pela opinião pública diante de um bunker com R$ 51 milhões escondido. Wagner pode não ser santo. E, para evitar qualquer trauma futuro, sequer é tratado como um demônio a ser exorcizado pelo governo ou atacado pela oposição. Até o fim da Operação Lava Jato e das ações derivadas dela, poucos serão os políticos que podem dormir sem a expectativa de acordar com a PF batendo à porta. *Por Fernando Duarte/Bahia Notícias