O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que ele mesmo teria atirado em um morador de rua acusado de esfaquear dois homens no Rio de Janeiro se estivesse armado no local. “Se eu tivesse armado ali, teria atirado naquele cara. O próprio policial que chegou ali depois atirou na perna. Tinha que ter atirado no meio dele, pô. A gente vê de vez em quando o cara que leva tiro na perna e reage ainda. Você agindo dessa maneira e o policial tendo a garantia de que não vai ser preso, não vai responder processo, o bandido pensa duas vezes antes de fazer besteira”, afirmou o presidente em entrevista à jornalista Leda Nagle que foi ao ar nesta segunda-feira (5).
Esta foi a segunda vez que Bolsonaro defendeu que fossem realizados disparos contra o morador de rua. Há uma semana, ele falou sobre o assunto em transmissão ao vivo nas redes sociais, feita enquanto cortava o cabelo em horário de expediente. Na ocasião, ele lamentou que não havia ninguém para atirar em Plácido Correa de Moura, de 44 anos. “Um morador de rua esfaqueou duas pessoas no Rio de Janeiro. Agora, não tinha ninguém armado para dar um tiro nele? Mas tudo bem. Estava drogado? Viciado em drogas. Tem de buscar solução para as coisas, né?”, questionou durante a transmissão. Segundo informações da Polícia Civil, o morador, que foi preso no domingo (28), abordou um automóvel, na zona sul, e desferiu facadas no eletricista João Napoli e no professor Marcelo Reis, que morreram.
Durante a entrevista para Leda Nagle, concedida na última sexta-feira (2) no Palácio do Planalto, o presidente defendeu a posse e o porte de arma de fogo e o excludente de ilicitude. Os dois temas são bandeiras antigas de Bolsonaro desde os tempos de deputado federal. “Mas a partir do momento que eu entro no excludente de ilicitude ao defender a minha a vida ou a de terceiros, a minha propriedade ou de terceiros, o meu patrimônio ou de terceiros, a violência cai assustadoramente. Os caras vão morrer na rua igual barata, pô, e tem que ser assim”, disse. Bolsonaro lembrou o fato de ter editado decretos para flexibilizar as regras para porte e posse de arma de fogo no país e disse que o tema está em discussão no Congresso. Depois de uma série de questionamentos dos dois decretos sobre arma de fogo editados em seu governo, Bolsonaro decidiu revogar os dois atos em junho, quando o Palácio do Planalto anunciou então a edição de três novos decretos e o envio de um projeto de lei ao Congresso.