Um caminho foi aberto no meio da destruição de Porto Alegre. Nesta sexta-feira (10), a prefeitura demoliu uma passarela próxima de uma das entradas da cidade para que veículos de emergência e com ajuda humanitária consigam chegar a quem precisa na capital gaúcha, inundada pela cheia do lago Guaíba.
A estrutura da passarela impedia a entrada de caminhões de grande porte na cidade. Com a demolição, abre-se um caminho alternativo à RS-118, única via disponível até então. O novo trecho liga a avenida Castelo Branco ao elevado que leva ao túnel da Conceição. É por ali que quem chega à capital gaúcha conseguirá se deslocar na parte seca da cidade.
A região costuma ser uma das entradas mais movimentadas de Porto Alegre, principalmente com motoristas quem vêm de Canoas. Na tarde desta sexta foi instalada a sinalização do trecho criado onde antes estava parte da água que invadiu a cidade.
O trânsito no sentido que leva a Porto Alegre será exclusivo para ambulância, outros veículos de emergência e com carregamento de suprimentos. Veículos comuns devem continuar a entrar na cidade pela RS-118.
Por volta das 18h, a via de 300 metros construída em 48 horas foi oficialmente “inaugurada” com a passagem de caminhões que trabalharam na obra. Cerca de 5.000 metros cúbicos de pedras foram aterrados no trecho. Uma camada de asfalto também foi aplicada. Os serviços foram feitos debaixo de chuva, que voltou à região metropolitana na quinta-feira (9) e suspendeu até mesmo o resgates de pessoas ilhadas.
Em meio a integrantes do secretariado municipal e trabalhadores que atuaram na obra, aplausos juntaram-se ao som dos primeiros caminhões a cruzar a via.
A passarela derrubada, que completaria 50 anos em novembro, tinha altura que variava de 4,40 m a 4,70 m, a depender do trecho. O limite de altura para passagem de veículos por ali era de 4,30 m, o mesmo que no túnel. Para aterrar o caminho e tornar possível o acesso, a rua abaixo foi elevada, reduzindo o limite para passagem de veículos. Agora, a altura será de 4,20.
“Fizemos uma frente para facilitar a logística em Porto Alegre, encontrar os caminhos e ganhar agilidade. Vai fazer toda diferença para enfrentar esse momento difícil”, afirmou o secretário de Obras e Infraestrutura de Porto Alegre, André Flores.
A pasta ainda não tem o valor gasto com a operação, e o serviço foi executado com verba já prevista para a compra de material e contratação de mão de obra.
Porto Alegre vive a pior enchente de sua história. O lago Guaíba, que cerca a cidade, chegou nos últimos dias ao maior nível já registrado (5,3 m), e na noite desta sexta marcava 4,71 m -a cota de inundação é de 3 metros.
Em todo o estado as chuvas e enchentes causaram 126 mortes até as 18h desta sexta. A Defesa Civil contabiliza, ainda, 141 desaparecidos e 441 municípios afetados.