Opinião: Temperatura deve baixar no Congresso, enquanto Jerônimo não deve ter estresse na Assembleia

Jerônimo ainda não deve encontrar dificuldades. Foto: Reprodução

A semana vai ser marcada pela posse e retomada dos trabalhos do Congresso Nacional e da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Em Brasília, há certa expectativa em torno da provável reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado, ainda que haja um esforço de Rogério Marinho (PL-RN) para se viabilizar. Na Câmara, são favas contadas a recondução de Arthur Lira (PP-AL), com a possibilidade da maior votação da história. O caminho é similar para Adolfo Menezes (PSD) na AL-BA, já que uma articulação precoce garantiu a continuidade dele no posto. Mas o que esperar dos legislativos em 2023?

Começando pela Bahia, por mais que a oposição tenha crescido (em tese), dificilmente o governador Jerônimo Rodrigues deve encontrar dificuldade no processo de passar o trator sobre a pauta. Parte disso por conta da relação muitas vezes quase que subserviente entre os poderes na Bahia. Um parlamentar – ainda que de oposição – brigar com o governo é gasto de energia que, por vezes, não vale a pena. É oneroso demais para um baixo ganho político. Então, há esse jogo de cena para fingir que existe um embate dentro da AL-BA.

Vale contar também com a baixa competência dos opositores ao longo dos últimos anos. Por mais que sejam 16 anos do outro lado, uma parcela dos deputados não se deu conta de como funciona ”ser oposição” e se mantém na zona de conforto de achar que um discurso ali e outro acolá é encarnar esse papel. Bom para o governador, que não precisa se estressar, e para o líder do governo, que não precisa se esforçar para aprovar os projetos. Jerônimo pode não ter a vida tão fácil quando Rui, mas não deve ter muito do que reclamar, ao menos enquanto estiver em lua-de-mel com os eleitores.

Em Brasília são dois cenários distintos. Se Pacheco bater o ex-ministro bolsonarista, Luiz Inácio Lula da Silva não deve ter tanto problema no Senado, ainda que a bancada mais radical crie algum tipo de barulho ou indisposição. O líder do governo Jaques Wagner garante já ter maioria, então a lábia do galego deve operar em alta para evitar rupturas entre Lula e os senadores. É esperar para ver o resultado do pleito e como se comportam no dia seguinte aqueles anti-lulistas da Casa.

Já na Câmara, Lira deve vencer ”com o pé nas costas”. Porém isso significa que o líder do centrão pode ser a maior dor de cabeça para Lula entre todos os poderosos do Planalto. Aliado de Jair Bolsonaro enquanto o ex-presidente tinha cartas a dar, o presidente da Câmara vai usar o capital político da reeleição para pressionar o novo governo. Por isso, o atual chefe do Executivo deve usar a máxima de manter os inimigos mais perto ainda. Difícil é evitar que uma cobra possa picá-lo enquanto dorme – algo que não seria completamente impossível diante do poderio arregimentado pelo alagoano.

Enfim, no Brasil de 2023, emoções não faltarão para quem acompanha os legislativos – até mesmo os estaduais. Talvez com uma temperatura menor do que os últimos anos, mas nada que um bom diálogo não resolva. Finalmente, pode parecer que vivemos numa normalidade democrática após o caos perfeito para emergência da extrema-direita. Graças às urnas! *por Fernando Duarte