O senhor foi convidado pelo governador Rui Costa por ser um técnico e com o objetivo de arrumar a casa. Como estão sendo os primeiros meses à frente da pasta? Tem encontrado alguma resistência?
Fábio Vilas-Boas – A Secretaria de Saúde é uma das mais complexas do estado da Bahia. Junto com a Educação e a Segurança, que são as três secretarias que possuem não só o maior número de funcionários, como o maior número de desafios e problemas. A Saúde, em particular, hoje é o principal problema do Brasil. Veja os programas mais polêmicos do governo federal, configuraram uma tentativa de atacar um problema que é enxergado pela sociedade como maior que a educação, maior que a segurança. E o governador elegeu a saúde como a bandeira principal dele e se comprometeu a traçar estratégias que viessem a atacar esse problema com vontade de ter resolutividade. A Saúde na história recente da Bahia nunca foi prioridade. O que você vê hoje no estado é uma concentração excessiva de serviços na região metropolitana e em algumas cidades polos do interior, reflexo de uma falta de investimento no setor. A população do estado todo vem buscar atendimento em Salvador, sobretudo, no Hospital Geral do Estado. No entanto, nós temos que ter vários hospitais no interior, uma rede estruturada como existe em estados mais desenvolvidos. Nos últimos oito anos, nos dois governos Wagner, essa realidade começou a ser modificada. É reconhecido por todo mundo que lida com Saúde que nunca se investiu tanto como nos últimos anos e isso não é discurso, é fato. Se você pegar números de investimentos, ampliação de cobertura básica com programas saúde da família, estruturação de centros de atendimentos para pacientes com problemas psiquiátricos, alcoolismo, assistência odontológica, criação de novos hospitais regionais, no interior do estado e capital. Nunca se investiu tanto em Saúde.
A Sesab estava sendo aparelhada e usada politicamente?
Fábio Vilas-Boas – Eu não tenho como te responder isso porque eu não sou político e não sei como isso é feito. O que eu posso dizer é que a ideia do governador de trazer um técnico, não político, e dar a ele o comando completo de toda a secretaria, versos a estratégia habitual de dividir com diferentes forças políticas a pasta, permite a mim, como gestor, ter o controle efetivo de todo o processo. Numa situação onde você tem diferentes correntes políticas contempladas dentro da mesma instituição, a voz de comando fica mais dificultada e eu reputo com a grande vantagem de gestão neste momento da Sesab, é nós termos dentro da secretaria pessoas, em que a voz do comando consegue ir desde o secretário até o último posto, integrante de uma única equipe.
O fogo amigo contra o senhor tem sido intenso, talvez até mais do que o inimigo. Como tem sido sua relação no campo político?
Fábio Vilas-Boas – Eu entendo que a nossa relação com a Assembleia Legislativa é a melhor possível. Eu transito com, praticamente, todos os deputados da base e de fora da base. Atendo-os de forma indistinta com agilidade, encaminho as demandas. Tenho feito visita à Assembleia, faço reuniões com a Comissão de Saúde, visito hospitais, convido deputados da Comissão para participar, coloco eles junto comigo nas decisões estratégicas da Secretaria, de modo que eu entendo que a relação da Secretaria de Saúde com a classe política é uma relação muito boa, de cooperação. E eu acredito que aquela fase inicial, em que havia uma reação inicial sobre a vinda de uma pessoa de fora, está totalmente ultrapassada e se por acaso ainda houver algum tipo de reação, ela é completamente localizada. Leia mais.